Tout va très bien, madame la marquise



LUÍS CABRAL, RR online, 2013-03-05

Em entrevista ao jornal El Pais, Mário Soares volta "à carga" com o assunto da renúncia à dívida externa. Mais uma vez, o antigo presidente apresenta o exemplo da Argentina, notando que esse país se recusou a pagar a dívida em plena crise financeira.

Diz Soares que "A única maneira de falar com os mercados é dizer-lhes: 'Não, não pagamos'. Foi o que disse a Argentina e não aconteceu nada".
"Nada" deve ser uma palavra de código usada por Mário Soares. De facto, logo em 2001 a Argentina sofreu uma corrida aos bancos. Para travar esta avalanche, o governo decretou o congelamento dos depósitos, o que criou uma nova crise. Foi também necessário introduzir controles de divisas para evitar a saída de capitais. No período de um ano, a percentagem de argentinos abaixo da linha da pobreza subiu de 38 para 58%.
Desde 2001, a Argentina tem tido enormes dificuldades para pedir emprestado nos mercados internacionais. Os activos argentinos (aviões, barcos, etc) podem vir a ser apreendidos por credores que já ganharam múltiplos casos de tribunal contra o país.
Em resumo, a teoria do "não aconteceu nada" é a nova versão do clássico "tout va très bien, madame la marquise".

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