Apontamentos para o tempo da Quaresma
Luigi Giussani | senza pagare
Quaresma é o momento da educação a tornarmo-nos como Deus nos quer.
Um tempo de mortificação, que não é uma nossa habilidade ascética. A mortificação é um desabituarmo-nos do mal. Quanto mais estamos atentos, mais nos damos conta que o nosso pecado é grande. Daqui nasce o equívoco acerca de uma nossa incapacidade: um desespero que tem a mesma raiz da presunção.
De facto, a conversão nasce do encontro contínuo com Cristo. O modo com o qual Ele provoca a nossa conversão não o podemos prever. A Páscoa é o fim imprevisível da Quaresma.
O pecado torna-se a maior mentira quando não existe vigilância. A vigilância é: recomeçar sempre com Deus, e não buscar com as próprias forças a perfeição moral.
A verdadeira vigilância exprime-se assim: "Dá-me o tempo para que eu te possa invocar" (St. Agostinho).
A Quaresma é então o tempo desta consciência: existimos só com a sua ajuda. A ânsia, e a preocupação na vida são o sinal da mesma dureza dos Fariseus. A doçura no julgar-se a si e aos outros, vem só de ter o olhar em Deus, do apoiar-se n´Ele.
É então preciso como dote fundamental a simplicidade: seguir e basta.
Nós pelo contrário, pecamos, a maioria das vezes contra a própria simplicidade: tendemos a conceber a nossa vocação como queremos nós. Podemos chegar a experimentar irritação contra Deus que não faz a nossa vontade. Cai-se numa chantagem subtil que complica a vida. E no entanto, na forma mais dolorosa da prova (quando Ele parece que não responde àquilo que nós esperamos) descobre-se o factor maior da educação: a atenção ao essencial, porque nos chama a Ele. As provas são uma educação ao essencial.
Por estes motivos, a Quaresma é o tempo da segurança; o tempo do amor, porque percebemos que alguém nos ama. Está-se livre de todo o peso, em virtude do perdão. Penetra em nós a letícia de nos sabermos objecto da sua salvação.
Podemos olhar-nos a nós próprios com esperança. Esse é o verdadeiro jejum, porque implica olhar só para Ele. Só para Ele que nos salva. Por isso penitência e jejum são muito mais o realizar-se do amor do que o privar-se de algo.
Comentários