O “português”
D. NUNO BRÁS VOZ DA VERDADE 13.11.16
Lisboa tem, desde o passado domingo, uma estátua de S. Nuno de Santa Maria numa das suas ruas.
S. Nuno é a figura que une o Portugal de Afonso Henriques e aquele das descobertas. D. Afonso Henriques sonhou com a independência de Portugal; foi um lutador infatigável na reconquista. Mas o Portugal de então dificilmente se poderia dizer uma unidade; dificilmente se poderia chamar uma “nação”.
Foi com D. Nuno Álvares Pereira que apareceu “o português”, esse homem que é um misto de destemido diante das dificuldades e profundamente crente – esse homem que encontra soluções quando tudo parece perdido, mas que se confia ternamente nas mãos de Nossa Senhora. Quando, em 1383, muitos e grandes vacilaram, atemorizados pela potência castelhana, ele não apenas persistiu no seu propósito de defender a independência nacional como foi capaz de mobilizar as vontades dos nobres e do povo. Com mestria, organizou a defesa e liderou as gentes portuguesas unidas até à vitória. Mas S. Nuno foi, ao mesmo tempo, um crente. Profundamente crente. Os seus frequentes jejuns; os tempos passados em oração diante da Eucaristia; as esmolas dadas pessoalmente aos pobres não são menos marcantes da sua vida que as características do líder militar e da sua personalidade política. A sua figura de homem que se agiganta nas dificuldades e que confia em Deus retrata-nos, de longe, muito melhor que o célebre “Zé Povinho”.
Como afirmou o Papa Bento XVI no dia da sua canonização, “São Nuno sente-se instrumento do desígnio superior de Deus e alistado na militia Christi, ou seja, no serviço de testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo. Características dele são uma intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino. Embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus. São Nuno esforçava-se por não pôr obstáculos à acção de Deus na sua vida, imitando Nossa Senhora, de Quem era devotíssimo e a Quem atribuía publicamente as suas vitórias”.
Lisboa não tinha nos seus espaços públicos nada que evocasse a figura deste militar e santo. Talvez por ser santo. Felizmente o povo de Lisboa quis uma estátua de S. Nuno. Foi por fim prestado um tributo. Desde 1431 que ele estava por prestar.
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