Louvado seja Deus
O meu pai achava muita graça quando o provável perdedor saía a ganhar. Tivemos uma experiência destas há precisamente 4 meses, quando a selecção portuguesa ganhou à França em casa, na final do Campeonato da Europa no dia 10 de Julho. Os franceses eram mais fortes, mais qualificados, jogavam num contexto mais favorável num estádio e envolvente de grande familiaridade. Mesmo assim, viram necessária uma jogada suja para aniquilar o maior asset do adversário para garantir o resultado. E mesmo asim, foram os 'pobres' portugueses, que levam a sua vida como 'porteiras, mulheres as dias, mecânicos...' que acabaram por festejar uma vitória imprevisível, mas justa. O choque foi de tal ordem que correu pelas redes sociais um movimento a reivindicar a repetição do jogo e de desafio às regras da FIFA. Mas as regras são e sempre foram assim. Na final, quem ganha o jogo, ganha o campeonato.
Esta comparação não me parece desadequada, porque nos dias de hoje, a política parece ter descido ao nível competitivo do futebol e o futebol parece ter subido à importância da política e da identidade nacional. A campanha americana foi de tal maneira venenosa que, ou tomamos todos um antídoto ou vivemos na ressaca.
Dear Liberty, there is nothing to be ashamed of
O meu pai adorava a imprevisibilidade, porque esta lembra-nos que não controlamos o que acontece e essa é a pedagogia de Jesus. A fecundidade do imprevisto reside na consciência que ganhamos de que somos de tal maneira necessitados que a única esperança que prevalece, não é a da vitória, mas a da Misericórdia. O pai como professor, gostava de aprender estas lições. As eleições americanas foram uma fantástica lição de proporções globais. Louvado seja Deus.
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