Sobre a Quadratura do último dia do ano

Maria Teixeira Alves, Corta-fitas, 01.01.16
No último programa do ano da Quadratura do Círculo o discurso que dominou os já habituais comentadores de esquerda Jorge Coelho e Pacheco Pereira (este de esquerda em nome da independência ideológica de que não prescinde) foi este: a direita teve o que merecia, estava a pedi-las e por isso foi violada pelo PS de António Costa. Mal comparando com a metáfora do Homem que quer violar e justifica o seu acto com a provocação da mulher.
Pacheco Pereira chegou a falar de uma coligação negativa contra o anterior Governo que "era também internacional". O PaF ganhou as eleições mas perdeu o Governo porque estava a pedi-las, é o que se retira do discurso do comentador. Pacheco Pereira demoniza a direita e diz que a radicalização da direita é que justifica a coligação negativa pós eleitoral para impedir que o Governo que ganhou as eleições chegasse ao poder.
Ora eu acho precisamente o oposto. Acho que a direita esteve onde sempre esteve, quem se radicalizou, quem se deslocou para a esquerda foi o PS, e dessa forma aumentou o fosso entre a ala esquerda e a ala direita. Esta nova ordem nacional que põe o governo a ser decidido pelo Parlamento leva a que a direita se tenha de unir para crescer e formar o bloco de oposição à esquerda que sempre se coligará para chumbar Governos de direita.
As políticas europeias são hoje vistas como radicais de direita por esta nova ordem e Jorge Coelho chegou mesmo a dizer que este modelo faliu. Como se a Europa se vergasse à posição de Portugal. A Europa é soberana para cada Estado-Membro, e ainda mais tratando-se Portugal de um país mais receptivo do que contributivo. Essas alternativas e esse poder de impor alternativas aos parceiros europeus são mitos que costumam atacar comentadores políticos.
Depois o tema passou para o Marcelo e os seus 52% de intenção de voto nas Presidenciais, segundo as sondagens. Diz então Jorge Coelho que Marcelo Rebelo de Sousa beneficia do tempo de antena na televisão, que teve enquanto comentador, nesta campanha eleitorial, e será isso que justifica a liderança nas sondagens e justificará a eventual vitória eleitoral à primeira volta.  Mas recordo que António Costa comentava semanalmente na Quadratura do Círculo e nem por isso ganhou as eleições legislativas. 
Jorge Coelho estava a tentar a todo o custo retirar a Marcelo o mérito da sua campanha. Eu penso que a esquerda anda baralhada com isto das eleições presidenciais, é que não dá margem para coligações negativas pós-eleitoriais. Quem ganhar as eleições vai mesmo para Presidente. Como Marcelo está à frente isso torna-se um grande problema para a esquerda.

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