Um novo Patriarca
Voz da Verdade, 2013.05.26
D. Nuno Brás
Como é já sabido, no passado Sábado o Santo Padre Francisco nomeou um novo Patriarca de Lisboa, o Senhor D. Manuel Clemente.
O Senhor D. Manuel é conhecido de todos. Nasceu na nossa diocese; foi seu ilustre sacerdote; e, durante vários anos, foi seu bispo auxiliar: não é, pois, aqui, o lugar para lhe expressar o sentimento de boas vindas (que, estou certo, é universal), como se fosse um desconhecido; ou mesmo para lhe confirmar a certeza de uma fiel e sincera colaboração, como se isso não fosse um dado prévio a tudo o mais, garantido pela própria amizade pessoal. Nem, tão-pouco, é o lugar para assegurar ao Senhor D. José Policarpo a continuação dos sentimentos filiais que, ao longo de todos estes anos, marcaram na minha relação com ele, enquanto seminarista, sacerdote e, finalmente, como seu bispo auxiliar, e que tenho a honra e a certeza de partilhar com os cristãos do Patriarcado. Tudo isso é dado por descontado e seguro.
Creio que é, antes, o momento de, para além de todas as curiosidades da Comunicação Social e das "historietas" que possam surgir, das opiniões do "estou contente" ou do "gosto" (humanos, é verdade, mas demasiadamente humanos), nos darmos conta desta realidade que marca a Igreja – e, neste caso, a Igreja de Lisboa: a fé dos Apóstolos, na qual a nossa diocese sempre quis viver, unida de um modo particular ao Sucessor de S. Pedro, o Papa, e que, numa diocese, tem no Bispo a primeira referência e expressão, continuará viva, atuante e surpreendentemente bela, sem acusar o correr dos anos.
A fé apostólica, é certo, assume hoje novas expressões, novas formas de a todos convidar para a comunhão com Cristo; invade as novas realidades e os novos lugares onde a vida humana encontra a sua existência e expressão. Mas é, no seu núcleo central e essencial, a mesma que, de há praticamente dois mil anos a esta parte, aqui chegou e é vivida nestes lugares que Camões dizia serem aqueles "onde a terra acaba e o mar começa". É a mesma fé que, partindo da nossa velha catedral, percorreu os oceanos e se tornou vida um pouco por todas as partes, do oriente ao ocidente, do norte ao sul do mundo.
Disso foram sempre garantes os bispos de Lisboa – eles e o Espírito Santo. E que em ninguém reste dúvidas: essa mesma vida (a vida de Cristo em nós) continuará presente, entusiasmante e, não raras vezes, incomodativa. Por entre caminhos difíceis e mesmo, por vezes, sofridos. Mas com toda a alegria e entusiasmo que brotam da certeza que anima cada um dos crentes: unido ao seu bispo, cada cristão não é apenas um indivíduo, ou até, como o homem do leme, um povo; é a presença do próprio Jesus ressuscitado.
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