Fazer o bem é o lugar de encontro entre crentes e ateus, sublinha papa Francisco
22.05.2013 SNPC
O papa afirmou esta quarta-feira no Vaticano que a prática do bem é o lugar onde crentes em Deus e ateus se podem encontrar.
Na missa celebrada na Casa de Santa Marta, onde reside, Francisco frisou que realizar boas obras não é um exclusivo cristão.
«Se nós, cada um pela sua parte, fizermos o bem aos outros, encontramos-nos lá, fazendo o bem; (...) façamos aquela cultura do encontro de que precisamos tanto, encontremo-nos fazendo o bem. "Mas padre, eu não creio, sou ateu." Mas faz o bem: lá nos encontraremos», disse o papa, citado pelo portal de notícias do Vaticano.
Francisco lembrou a intolerância dos discípulos de Jesus, que segundo a narrativa bíblica impediram uma pessoa exterior ao grupo apostólico de fazer o bem, e realçou que o «fechamento» de não pensar que se pode fazer o bem fora do cristianismo «é um muro» que conduz à guerra e a «matar em nome de Deus».
Mais tarde o papa falou a cerca de 80 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência geral das quartas-feiras, incluindo as equipas de futebol da Roma e da Lazio, ambas da capital italiana, depois de na terça-feira Francisco ter recebido a Juventus, campeã transalpina de 2012/13.
«Uma Igreja que evangeliza deve partir sempre da oração, de pedir, como os apóstolos no cenáculo, o fogo do Espírito Santo», sublinhou o papa numa alusão ao Pentecostes, que os católicos assinalaram este domingo.
A catequese acentuou a importância da oração: «Só a relação fiel e intensa com Deus permite sair do próprio fechamento (...). Sem a oração o nosso agir torna-se vazio e o nosso anunciar não tem alma».
As divisões dentro da Igreja foram também sugeridas no discurso de Francisco ao referir-se à transmissão da mensagem cristã, «experiência que deve unir e não pode dividir», embora «por vezes parece que se repete hoje Babel: divisões, incapacidade de compreender, inveja, egoísmo».
«Todos devem ser evangelizadores, sobretudo com a vida»: «A evangelização é a missão da Igreja, não se de alguns, mas a minha, a tua, a nossa missão», assinalou.
A agenda do papa para esta quarta-feira incluiu a visita a uma instituição administrada pelas Missionárias da Caridade, fundadas pela beata Madre Teresa de Calcutá.
A casa localizada dentro da Cidade do Vaticano e que há 25 anos foi confiada por João Paulo II às religiosas, oferece diariamente refeições a 25 mulheres e cerca de 60 homens.
«Vós dizeis-nos que amar Deus e o próximo não é algo de abstrato mas de profundamente concreto», afirmou Francisco ao dirigir-se aos colaboradores da instituição.
Francisco recordou que na casa Dom de Maria se vive uma hospitalidade «sem distinção de nacionalidade ou de religião».
«Devemos recuperar todo o sentido do dom», destacou, acrescentando que «um capitalismo selvagem ensinou a lógica do lucro a todo o custo» o que conduziu à «crise» atual.
«Esta casa é um lugar que educa à caridade, uma escola de caridade, que ensina a ir ao encontro de cada pessoa, não pelo lucro mas pelo amor. A música - digamos assim - desta casa é o amor», referiu.
Rui Jorge Martins
Fotos: Visita do papa Francisco à Casa Dom de Maria, no Vaticano, a 22.5.203. Fonte: News.va
© SNPC | 22.05.13
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