O Brexit visto da Arménia

Aura Miguel
RR online 24 jun, 2016

O habitual clima cordial e semi-sonolento dos vaticanistas foi substituído por uma sombria apreensão sobre o futuro da Europa.
De madrugada, como sempre acontece, entrámos no avião papal, desta vez, com destino à Arménia. Mas o habitual clima cordial e semi-sonolento dos vaticanistas foi, nesta sexta-feira, substituído por uma sombria apreensão sobre o futuro da Europa (e não só, pois alguns colegas dos EUA também temem que, no seu país, “a escolha do povo” possa recair em Donald Trump).
Esta desorientação do “primeiro mundo” (em que tudo parece agora desmoronar, como num baralho de cartas) contrasta com a profunda identidade do povo arménio, apesar da – ou talvez devido – sua conturbada história de contínuas perseguições, indiferenças e de um genocídio que, há 100 anos, causou 1,5 milhão de mortos.
Há quase dois mil anos que os arménios se assumem cristãos, ao ponto de o actual Presidente da República, Serzh Sargsyan, dizer ao Papa que a fé cristã “é mais do que uma religião, é um estilo de vida (...) capaz de ultrapassar dificuldades e limitações”.
Ao contrário da velha cristandade europeia, que nega as origens cristãs por interesses e esquemas políticos, cujos resultados estão à vista de todos, a fé do povo arménio não é uma mera fachada, nem “uma espécie de vestido que se põe ou tira segundo as conveniências”, como disse o Papa neste país do Cáucaso, “mas um elemento constitutivo da própria identidade”.
E isso faz toda a diferença. Pois, sem renegar a sua antiga tradição de primeiro país cristão (desde o ano 301) e apesar de tantas feridas e sofrimentos, a Arménia nunca vacilou e soube começar de novo, mantendo-se fiel a Cristo. Francisco veio aqui dizer que este é “um valioso contributo para a comunidade internacional”.

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