Ursos, Nuno Crato, Expresso, 080517

Por Nuno Crato
O GOVERNO NORTE-AMERICANO prepara-se para decidir se declara o urso polar como espécie em vias de extinção ou se, pelo contrário, considera não haver perigo de a população desses animais decair para níveis que ponham em risco a sua viabilidade.
Na decisão vão pesar vários estudos preditivos feitos por cientistas e agências governamentais. Mas vai pesar ainda um outro factor, uma auditoria às previsões.
Sim, uma auditoria, pois um grupo do International Institute of Forecasters, organização científica que reúne estatísticos, matemáticos, geofísicos, economistas e outros estudiosos de problemas de previsão, estabeleceu uma série de critérios que ajudam a classificar como fundamentadas ou como infundadas as previsões feitas para dada matéria. E esse mesmo grupo fez uma auditoria às previsões usadas pelas agências governamentais norte-americanas.
Não se trata exactamente de saber se estão certas ou erradas, pois os erros na antevisão do futuro são inevitáveis. Mas trata-se de saber se foram tomadas as necessárias precauções nos estudos, se os dados utilizados são fiáveis e se foram seguidos métodos científicos de previsão que incluam uma estimativa da incerteza associada aos valores previstos. Pois essa auditoria, dirigida por Scott Armstrong, professor na Universidade da Pensilvânia, concluiu que os estudos existentes são tão pouco fundamentados que não têm qualquer validade. O seu erro fundamental, segundo Armstrong, é basearem-se em conjecturas climatéricas sem atenderem aos dados quantitativos. Na realidade, a população de ursos polares tem aumentado nos últimos anos.
A ciência também erra. Mas distingue-se da não ciência pela forma sistemática como se põe a si própria em causa.

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