Poluição, João César das Neves, DESTAK, 080529
Poluição
29 05 2008 09.22H
Portugal sofre uma nova e terrível forma de poluição. Este agente virulento já atacou largas zonas da nossa paisagem, criando danos devastadores e, em boa medida, irrecuperáveis. Falo da invasão de enormes ventoinhas brancas de dimensões monstruosas que agridem crescentemente os nossos campos. Pelo tamanho e rapidez de reprodução, podemos dizer que se trata de uma das mais horríveis pragas que jamais assolou o nosso país.
Temos sofrido muitos ataques ambientais de muita natureza neste nosso martirizado Portugal. Por isso, embora este seja dos mais contundentes, não mereceria notícia especial se não estivesse a ser praticado em nome da defesa do ambiente. Quem espalhou aquelas aberrações pelo nosso território fê-lo, alegadamente, para proteger o mesmo território. Segundo esses especialistas, a energia assim produzida é limpa e renovável, evitando-se os fumos que danificam a ecologia. Sem notarem que os próprios moinhos arruinam esse ambiente de forma muito mais evidente e artificial; até porque o fumo, apesar de sufocante, é mais natural que as abantesmas.
O pior de tudo veríamos se pudéssemos fazer as contas e saber, realmente, a que preço nos fica essa tal energia limpa e renovável. Dado que boa parte do custo é suportada por impostos, de múltiplas e incalculáveis formas, é bem provável que os que encheram os bolsos multiplicando as ventoinhas nos estejam a cobrar preços reais insustentáveis. Esses custos justificam-se pela protecção do ambiente. Daquele ambiente que o próprio investimento vem destruir.
João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
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