Jogging e cigarro

Jogging e cigarro

Raquel Abecasis
RR on-line, 080519

Há dez anos, seria impensável que o Primeiro-ministro português se visse obrigado a vir a público pedir desculpa por ter fumado e prometer que ia deixar de fumar.


O homem do jogging foi apanhado a fumar qual adolescente, não à janela, mas atrás da cortina.

Afinal, o super Primeiro-ministro, que entre viagens e reuniões até altas horas ainda tem tempo para fazer jogging em qualquer canto do mundo, também se porta mal e pratica actos politicamente incorrectos.

Que alívio! Seguramente José Sócrates conquistou a simpatia de muitos eleitores, que ainda se orgulham de ser portugueses à moda antiga e não têm a menor paciência para a sociedade moralista ou, como diria o Primeiro-ministro, “calvinista”, em que nos estamos a transformar, influenciados pelo pior que nos chega do ocidente.

Há dez anos, seria impensável que o Primeiro-ministro português se visse obrigado a vir a público pedir desculpa por ter fumado e prometer que ia deixar de fumar. Se alguém nos dissesse que isso iria acontecer em 2008, só poderíamos pensar que se tratava de uma anedota ridícula.

Dez anos depois, a história é de facto ridícula, mas o único que não se pode queixar nem apontar o dedo é José Sócrates, que, com as suas exibições de super-homem e com o fundamentalismo de algumas leis e fiscalizações que espalhou pelo país, é o inventor dos “calvinistas políticos”. E “quem com ferros mata”…


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