Reféns da mentira
Para nós é fácil perceber o que se passa em Myanmar, mas o que é certo é que esta cegueira também pode acontecer connosco.
O mundo assiste, estupefacto, à resistência das autoridades da antiga Birmânia em aceitarem auxílio internacional. As ajudas estão à porta e não as deixam entrar. Apesar dos 100 mil mortos e do milhão de desalojados de que se fala… Os responsáveis daquele país preferem isolar-se no seu orgulho. Mais importante do que a realidade que os rodeia é a cegueira da ideologia e da sua utopia política.
Para nós é fácil perceber o que se passa em Myanmar, mas o que é certo é que esta cegueira também pode acontecer connosco. Sempre que sobrepomos a nossa imaginação, interesses ou ambições pessoais às circunstâncias do real, ou sempre que nos recusamos a encarar o que acontece à nossa volta, porque contraria o que sonhámos, podemos ficar tão utópicos como os outros. Isto é: desfasados da realidade e entrincheirados nas nossas razões, recusando orgulhosamente qualquer tipo de ajuda.
Na nossa própria vida, tal como com as autoridades de Myanmar, a questão de fundo é a mesma: os que recusam enfrentar o real, na totalidade dos seus factores, acabam – mais tarde ou mais cedo – reféns da mentira.
Aura Miguel
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