Rui Rio, BES e Proença de Carvalho

José António Lima | SOL | 05/08/2014 

O dueto político-camarário António Costa/Rui Rio veio, há dias, defender a antecipação das legislativas de 2015. «Com as eleições em Outubro, não há Orçamento antes de Março, Abril do ano seguinte», lamuriou-se Costa. 
Como se as legislativas não fossem, há já mais de 30 anos, realizadas por regra em Outubro (excepto quando se seguem à queda de Governos) e o país não tivesse sempre os seus orçamentos com a maior das naturalidades.
«Eu inclino-me mais para a antecipação de eleições para 25 de Abril», concordou e completou Rio. Fazendo o papel de ingénuo útil, que finge não perceber que está assim a fazer o jogo eleitoral de Costa e a comprometer as hipóteses de Passos e do PSD.
Como logo observou Santana Lopes, Costa chegaria às legislativas «fresquinho que nem uma alface», após ter vencido as primárias socialistas no final de Setembro, ter sido eleito secretário-geral do PS lá para Novembro e chegado às eleições apenas quatro meses depois – sem o mínimo desgaste político no cargo e sem ficarem expostas as contradições, lacunas e omissões das suas propostas. 
O que já ficou claro é que haverá mais do que um candidato do centro-direita na 1.ª volta das presidenciais. Santana avançará de qualquer maneira, Marcelo ainda hesita, Rio e Barroso esperam para ver.
Curiosamente, em 1986 passou-se o contrário. Foi o centro-esquerda que surgiu tripartido na 1.ª volta, com Mário Soares (25,4%) a bater por pouco Salgado Zenha (20,9%) graças à ajuda de Maria de Lourdes Pintasilgo (7,4%).
Do outro lado, Freitas do Amaral somava 46,3% para o centro-direita. Era tal a diferença que Proença de Carvalho, director da campanha de Freitas, aconselhou na televisão Mário Soares a desistir e não ir à 2.ª volta. Três semanas depois, Soares era eleito com 51,2% contra 48,8% de Freitas. Um cenário que poderá repetir-se, ou não, em 2016.
Mas registe-se que, 30 anos depois, Proença de Carvalho, como conselheiro máximo de Freitas do Amaral ou como grande estratego de Ricardo Salgado na condução do BES ao desastre total, é que continua a dar cartas. Sempre presente e interveniente, em segunda fila ou na primeira linha dos bastidores, nos grandes casos da sociedade portuguesa.

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