Os sentidos do acaso

José Luís Nunes Martins
ionline 30 Ago 2014 


Buscamos o sentido da nossa vida em cada dia. Acreditamos que ele existe, que se esconde e se revela… que o acaso é apenas a explicação mais pobre para as coincidências. Convencemo-nos que quando dois acontecimentos ocorrem um depois do outro, ou o primeiro foi a causa do segundo ou, pelo menos, terá tido nele alguma influência.
Quando sucede algo de muito bom, tendemos a repetir o que o antecedeu na esperança de que o mesmo volte a acontecer. Como se tudo fosse repetível, bastando premir o botão certo para obter o resultado desejado.
Apesar da ilusão, trata-se de uma admirável vontade de sentido. Uma espécie de intuição que garante que todos os acasos serão apenas partes de algo que (ainda) não conseguimos alcançar. E isto é bom.
A fé que temos no mundo altera-o, porque nos permite ver para além de nós… torna-nos mais atentos e dedicados. Quando nos sentimos ao leme dos acontecimentos, isso motiva-nos e mantém-nos mais concentrados. E os resultados, claro, são melhores.
Mas, na verdade, nunca ninguém conseguirá testar o que teria acontecido se não tivesse feito o que fez, ou se tivesse feito o que não fez.
Um dos perigos das crenças é que não se submetem à razão. Quando algo de concreto entra em contradição com as nossas convicções mais íntimas, preferimos ficar com aquilo em que acreditamos… reforçando-o ainda mais. Mesmo depois de saber a verdade, poucos são o que mudam as suas certezas!
Cabe-me a humildade de aceitar o mundo tal como ele é: enorme; cabendo ao mundo a humildade de me aceitar tal como sou: um pequeno criador e descobridor de mundos.

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