A nossa fé despertada pelo seu testemunho


Julián Carrón Avvenire  12/08/2014
 Caro director,

«Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele» (1Cor 12,26). Como não sentir toda a lancinante dor dos nossos irmãos cristãos perseguidos? É um clamor que aumenta sempre mais diante das desmedidas injustiças sofridas pelos cristãos em tantas partes do mundo, constrangidos a deixar tudo e a fugir das suas terras por um único motivo: o facto de serem cristãos. Parece inacreditável que no século XXI possa acontecer ainda uma coisa do género.

«Há mais mártires hoje do que nos primeiros séculos da Igreja; mais mártires! Nossos irmãos e irmãs. Sofrem! Eles vivem a fé até ao martírio» (18 de Maio de 2013). Como podemos permanecer indiferentes diante destas palavras do Papa Francisco? Evidentemente estamos diante de um novo desafio, como nos recorda a Evangelii Gaudium: «Às vezes, estes [desafios] manifestam-se em verdadeiros ataques à liberdade religiosa ou em novas situações de perseguição aos cristãos, que, em alguns países, atingiram níveis alarmantes de ódio e violência». (61)
Mas mesmo no meio destes sofrimentos, recebemos o testemunho da sua fé, como disse o Arcebispo de Mosul numa recente entrevista: «Foram eles que começaram a dizer-me que tinham necessidade de estar mais agarrados à nossa fé. Eram eles a dizer-me que tinham voltado a viver entre as inúmeras dificuldades. Eles diziam-mo por palavras e eu, pelo olhar deles, percebia que era verdade. Percebia-o pela maneira como o diziam», porque «quando cheguei era outra coisa. Eram outras pessoas. Mas passados seis meses, um ano, a sua transformação era palpável». (Tracce, Julho/Agosto 2014). Espero que sejamos capazes de guardar o seu testemunho como um tesouro, de modo que este desperte a nossa fé para que, como eles, a possamos viver e testemunhar nas circunstâncias em que cada um é chamado a vivê-la.

«Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele. […] Ora vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada um por sua parte» (1Cor 12,26-27). Precisamente por esta pertença comum ao corpo eclesial queremos levar um pouco do peso da intolerância, incompreensão e violência que o mundo que recusa Cristo carrega às costas dos nossos irmãos.

Como não sentir a urgência de mostrar toda a nossa proximidade aos cristãos perseguidos? Fazemo-lo não só unindo-nos ao clamor de todos aqueles que sentem esta ferida infligida a si próprios, afim de que estes factos não passem debaixo de silêncio, mas sobretudo participando com todas as nossas comunidades de Comunhão e Libertação espalhadas em Itália na oração por eles, convocada pela CEI (conferência Episcopal Italiana ndt) a 15 de Agosto, unidos a toda a Igreja italiana. Obrigado pela hospitalidade.

Julián Carrón
Presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação

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