Palavras esquecidas


Suzana Toscano
ionline 2014.08.29
Aquele que leva uma vida sem mancha(...); aquele cuja língua não levanta calúnias nem causa prejuízo a ninguém; aquele que não falta ao juramento (...). Quem assim proceder não há-de sucumbir para sempre."
Livro de Salmos 15(14),2-3.3-4.5.
Apesar de tudo nos parecer tão fugaz, o desejo de permanecer é um dos maiores impulsos que dita o comportamento. O desejo de permanecer no poder, no coração dos que amamos, no círculo de amigos ou enquanto parte de um ambiente de trabalho, de um clube ou de um partido. É o desejo de permanecer que nos move, que nos obriga a trabalhar mais, a ser atentos e generosos ou a lutar contra o que nos pode ameaçar. É também esse desejo que nos impele à mudança, quando não é para fugir mas para procurar, para evoluir a partir das referências que transportamos. Em tudo isto lá está o sentimento de resistir a sucumbir...Permanecer significa continuar lá mesmo depois de termos saído, mas isso só acontece quando a nossa marca é de valor e não de força ou de destruição. Pode-se possuir muita coisa, pode-se mesmo dominar e impor, mas não é isso que faz vencer a circunstância ou a passagem do tempo e nos torna dignos de permanecer na memória dos outros ou nos espaços que integram. Para existir para além de cada momento é preciso lembrar as palavras que, como as do salmo, às vezes parecem esquecidas.
Escreve quinzenalmente à sexta-feira. Autora do blogue Quarta República ( http://quartarepublica.blogspot.pt)

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