Cabeças duras
João Pereira Coutinho, Correio da manhã, 30.08.2014 00:30
O vereador lisboeta José Sá Fernandes, talvez amuado por ninguém lhe passar bola há muito tempo, gostaria de remover os brasões coloniais do jardim da Praça do Império, nos Jerónimos.
A coisa não faz sentido, diz o vereador, que gosta de abolir as coisas que não fazem sentido na cabeça dele.
Por mim, esteja à vontade. Mas alguém devia informar a criatura que apagar a história material que o país foi construindo desde 1143 implica escavacar Portugal inteiro e todos os símbolos que poluem a paisagem com vícios e ganância, segundo o alarve anacronismo do vereador. Se as nossas desventuras coloniais só terminaram formalmente em 1999, com a devolução de Macau, Portugal devia apenas conservar o que foi construído daí para a frente, em democracia, e sem contaminações coloniais ou 'fascistas' de qualquer espécie. No fundo, um país desértico em que só se salvava o Túnel do Marquês e pouco mais.
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