Marcelo, o extrovertido
Raquel Abecasis RR online 11 Abr, 2016
A lua-de-mel política em que Marcelo vive não vai durar para sempre.
Depois de dez anos de recato presidencial, temos agora um mês de híper-extroversão. Em menos de um mês, Marcelo Rebelo de Sousa foi a inúmeras cerimónias, comentou a maior parte dos temas da actualidade e tomou iniciativas importantes, como a de convidar Mario Draghi para o primeiro Conselho de Estado do seu consulado.
Até agora, Marcelo fez tudo bem, a avaliar pela imprensa e pelos comentadores. No fundo, o Presidente levou para Belém a sua personalidade expansiva e explicativa a que os portugueses se habituaram.
Foi sempre simpático com todos, mas foi pondo na ordem o líder do PSD, que lhe quis dar conselhos, e mostrou ao primeiro-ministro que iniciativas como a do último Conselho de Estado lhe dão o respaldo necessário para manter o primeiro-ministro na linha europeia, sem que para isso tenha que entrar em confrontos ou desavenças.
No fundo, neste primeiro mês nenhum português sentiu ainda saudades do professor Marcelo. Tal como tinha prometido, o Presidente continuou a ser o homem que todos conhecem e de quem se habituaram a ouvir a política explicada em palavras fáceis.
Só que, como em tudo o resto, a lua-de-mel política em que Marcelo vive não vai durar para sempre e vai chegar a hora em que vai ser necessário usar a célebre “magistratura da palavra”, gerindo palavras e silêncios.
Nessa altura, o Presidente vai ter que saber gerir a ausência de comentários com a mesma habilidade com que agora faz a adaptação do professor Marcelo para o Presidente Marcelo.
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