A armadilha do crédito
Francisco Sarsfield Cabral
RR online 20 Abr, 2016
Nesta ambiente de “viragem da página da austeridade”, muita gente se virou para o crédito bancário para consumir mais. Em Fevereiro o crédito bancário pessoal ao consumo aumentou 16%.
A poupança das famílias em Portugal desceu ao nível mais baixo desde 1999, quando o INE começou a publicar estes números. Mas o consumo das famílias subiu, estimulado pelo proclamado “fim da austeridade” e porque, nalguns casos, o rendimento familiar aumentou (como, a partir de hoje, acontece com o início da reposição dos salários dos funcionários públicos). Só que o consumo subiu mais do que o rendimento.
Nesta ambiente de “viragem da página da austeridade”, muita gente se virou para o crédito bancário para consumir mais. Em Fevereiro o crédito bancário pessoal ao consumo aumentou 16%.
O problema é que o crescimento da economia portuguesa está a abrandar. E o desemprego – um importante motivo de endividamento das famílias, a par com os baixos salários – não abrandou, pelo contrário, subiu. As penhoras aumentaram.
Não admira, assim, que a Deco registe no primeiro trimestre deste ano mais pedidos de ajuda no seu Gabinete de Apoio ao Sobreendividado do que em igual período de 2015. As ilusões sobre o alegado fim da austeridade levam à armadilha do crédito.
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