O planeta estético
Maravilhar é pasmar; é sentirmo-nos pequenos mas privilegiados por estarmos vivos e podermos ver o mundo.
É maravilhoso ver o filme Planet Ocean, filmado-realizado por Yann Arthus-Bertrand, o descobridor das belezas das alturas do planeta (e agora) das profundidades dos oceanos e realizado-escrito por Michael Pitiot, com a colaboração de muitos biólogos dos mares.
O texto - sobretudo no francês original - parece uma lição. Tudo ensina e explica. Apesar de ter razão em muito do que diz. Mas o que prevalece é a beleza: a beleza da imagem, escolhida por ser impressionante.
Os documentários britânicos e americanos são esclarecedores mas pecam por procurar os factos científicos acima de tudo. Os franceses, valha-os Deus, tendem a ser estetas.
Têm razão. A beleza é mais convincente. A falsa (ou certa) certeza do que se diz, quando acompanha imagens espectaculares, torna-se numa convicção nossa. A propaganda perfeita, tanto estética como biologicamente comprovada, é capaz de ser a melhor protecção que temos para o nosso planeta e para os seres vivos de que fazemos parte.
Maravilhar é rendermo-nos ao que nos rodeia. São raros os filmes, como este, que nos convencem que temos sorte de estar aqui, onde e quando acontecem estas maravilhas que nos são dadas. Por sabermos recebê-las. E nada mais. O filme Planet Ocean é, mais do que uma chamada de atenção, um exemplo magistral da nossa distracção. A verdade é muita mas a beleza é de mais.
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