Mas afinal, por que razão aumentou o PIB?
Henrique Monteiro
Expresso, 2013-08-21
Expresso, 2013-08-21
Há várias teorias, das mais fantasistas às mais otimistas. Há quem diga que, no fundo, se deve ao Tribunal Constitucional ter vetado o corte de salários na Função Pública e pensionistas. Esquece-se, de passagem, que todos os trabalhadores (públicos e privados) levaram com tal aumento de impostos que o seu rendimento líquido diminuiu. E ainda que o tal subsídio que a Função Pública há de receber... ainda não foi pago. A ter algum efeito, seria psicológico.... Mas também não consta que o consumo interno tenha subido.
Há quem diga que é a prova de que o caminho do Governo estava certo. Gostava de saber, porém, quem no Governo ou noutro local qualquer, apostava que havíamos de ter um aumento tão grande na exportação de... derivados de petróleo (além de outros itens que foram imprevisíveis para a maioria dos leigos).
A sazonalidade é outro dos grandes candidatos. Mas atenção: estes dados são do segundo trimestre - abril, maio e junho. A surpreendente performance da indústria hoteleira e do turismo em geral é de julho e de agosto, pelo que este fator só marginalmente pode contar.
Afinal, que razão existe para o aumento do PIB? Bom, uma razão é que nada pode estar continuamente a cair, a encolher. Se desde 2010 andávamos a gastar cada vez menos e a ter cada vez menos dinheiro, um momento teria de chegar em que houvesse uma variação positiva. Isto, aliás, faz parte da teoria geral das contrações.
Mas acima de tudo, sei uma coisa que os políticos parecem desconhecer: se os deixarem respirar, os portugueses, empresários e trabalhadores, grandes, médios e pequenos, querem fazer coisas, produzir, exportar, singrar. E foi isso o que fizeram... onde e quando puderam. Viraram-se! A ação do Governo ou o discurso dos partidos pouco ou nada teve com este crescimento. Veja-se como políticas e discursos diferentes como os de Hollande e Merkel resultaram mais ou menos no mesmo em termos de crescimento do PIB. E por cá esse crescimento foi, ainda, percentualmente maior. Se na Europa, como noutros lados do mundo, o Governo deixar a Economia seguir o seu caminho, sem a atrapalhar com regulamentos estúpidos, leis iníquas e espartilhos vários, podemos ter alguma esperança.
Mas eu acho que os nossos políticos e o nosso Estado não resistem... E hão de fazer planos e projetos que acabarão por beneficiar os do costume e travar os que mostram sentido de iniciativa. Oxalá me engane.
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