Leilão das oferendas

Público, 27/08/2013
No último domingo de Agosto, assistimos ao cortejo e ao leilão de oferendas que todos os anos servem para arranjar dinheiro para ajudar a pagar as festas da Nossa Senhora da Graça de Almoçageme.
Almoçageme, onde só vivemos há um ano e meio, é uma aldeia perfeita porque todos contribuem para que seja. É uma aldeia de indivíduos, em que cada um é como é mas em que todos colaboram, como podem ou querem, nas coisas que interessam ao bem-estar da aldeia e de quem vive nela. O leilão das oferendas é um exemplo do espírito erradamente dito comunitário que é mais do que isso: é uma acumulação de generosidade e de inteligência. Cada um de nós ganha em ser bom para os nossos vizinhos. Oferecemos coisas para vender. Vendem-se por um terço do que pagámos por elas. Mas depois compramos, por um terço do que custam, coisas de que precisamos mais do que aquelas que oferecemos. Cada um dos dadores ganha mais no que comprou, por um terço do que custaria, do que perdeu com o que ofereceu. Quando tudo é oferecido e tudo é vendido, por menos do que vale, para pagar uma festa de que todos beneficiam, o resultado é socialmente genial. A entreajuda e a auto-suficiência são irmãs. Almoçageme é uma casa de família sem obrigações familiares. Enquanto escrevo estas linhas, perto das dez da noite, ouço a voz amiga do leiloeiro: "cinco euros, cinco euros, cinco euros...", por um par de melões. É a música humana da felicidade. Alegremo-nos com ela. Muito.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

OS JOVENS DE HOJE segundo Sócrates

Hino da Padroeira

O passeio de Santo António