Porque não faria greve hoje
RR online 17-06-2013 11:22 por Pedro Leal
Os argumentos já não fazem parte da discussão. Hoje, o que está em jogo não são os professores nem os alunos, mas sim o braço-de-ferro de quem cede em quê, de quem isola quem.
Nunca fiz greve na vida, mas é uma grande liberdade saber que o posso fazer e que há uma Constituição que me reconhece esse direito. É assim uma espécie de conforto democrático. Mas olho para a greve quase como se olhava para as armas nucleares no tempo da guerra fria: existiam, mas todos sabiam que não se podiam utilizar.
A greve é, assim, para mim uma espécie de arma de último recurso: quando tudo falha, e não estou só a falar de quando falham os caprichos, então sim, "vamos para a greve".
É por isso que não posso aceitar a greve dos professores de hoje. Ainda não falhou tudo, havia, e com certeza vai haver, espaço de manobra para o prosseguimento das reivindicações em cima da mesa e que constituem o processo negocial.
Neste caso, para mim a questão é simples: hoje os alunos estão, estariam, a definir um pouco do seu destino. A nota que obtiverem é essencial para saberem se vão para o curso A, B ou C. É isto passível de uma greve? Não. Ninguém tem o direito de interferir com o destino da vida estrutural de alguém. Não se trata aqui de interferir no tempo de atraso com que alguém chega ao trabalho, devido a uma greve. Hoje, pode-se estar a jogar com uma parte do futuro da próxima geração e isso não é admissível.
Tudo o resto é discutível. Tudo o resto é negociável, tudo o resto pode resolver-se com recurso a outras formas de luta.
Quando se chegar ao fim do dia e se fizer a contabilidade final, o que vai restar? Governo e sindicatos a cantarem vitória, alunos desorientados, confusão sobre como vai decorrer tudo a partir de agora e, na hora de chegarem os resultados, alguns pais e alunos surpreendidos com um desfecho de um processo em que foram apenas reféns.
A greve é, assim, para mim uma espécie de arma de último recurso: quando tudo falha, e não estou só a falar de quando falham os caprichos, então sim, "vamos para a greve".
É por isso que não posso aceitar a greve dos professores de hoje. Ainda não falhou tudo, havia, e com certeza vai haver, espaço de manobra para o prosseguimento das reivindicações em cima da mesa e que constituem o processo negocial.
Neste caso, para mim a questão é simples: hoje os alunos estão, estariam, a definir um pouco do seu destino. A nota que obtiverem é essencial para saberem se vão para o curso A, B ou C. É isto passível de uma greve? Não. Ninguém tem o direito de interferir com o destino da vida estrutural de alguém. Não se trata aqui de interferir no tempo de atraso com que alguém chega ao trabalho, devido a uma greve. Hoje, pode-se estar a jogar com uma parte do futuro da próxima geração e isso não é admissível.
Tudo o resto é discutível. Tudo o resto é negociável, tudo o resto pode resolver-se com recurso a outras formas de luta.
Quando se chegar ao fim do dia e se fizer a contabilidade final, o que vai restar? Governo e sindicatos a cantarem vitória, alunos desorientados, confusão sobre como vai decorrer tudo a partir de agora e, na hora de chegarem os resultados, alguns pais e alunos surpreendidos com um desfecho de um processo em que foram apenas reféns.
Comentários
Quando o pobre fica sem transporte para poder ir trabalhar e por essa razão perde o emprego , porque nesse mês deu mais faltas do que as que podia, ninguém faz tanto alarido...
Uns meninos que se queixam, pois tiveram de ir à escola e terão de lá voltar, mas não se queixam de ter ido sair à noite nas vésperas...hipocrisia....não tem outro nome...