Para além do “obrigado”
|D. Nuno Brás
Voz da Verdade, 2013-06-30
O Patriarcado de Lisboa vive este fim-de-semana um dos momentos que marcará para sempre a sua história: no dia 29, o Senhor D. José Policarpo preside, pela última vez, à celebração das ordenações sacerdotais e despede-se dos seus diocesanos como Patriarca de Lisboa. Significativamente, fá-lo no dia em que completa 35 anos de ordenação episcopal.
Ao longo de cinco décadas, o Senhor D. José foi uma das personalidades que nos habituámos a perceber como decisivas nos grandes momentos da vida da nossa diocese, da Igreja e de Portugal: Professor de Teologia, intelectual escutado nos ambientes culturais, Reitor do Seminário dos Olivais e da Universidade Católica, Bispo Auxiliar e, finalmente, desde 1998, Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal.
Se estes cargos lhe deram visibilidade e o tornaram numa figura pública, não menos importante foi a sua ação de pastor, capaz de discernir o caminho a seguir nas situações mais complexas, de pronunciar em público ou numa conversa privada a palavra certa e segura que convidava a dirigir o olhar para horizontes maiores, os de Deus.
Grandes são, pois, as razões que nos levam a agradecer a Deus e ao homem: a Deus, o ter-nos dado um pastor que, generosamente, se esqueceu de si para se gastar no bem do rebanho; ao homem, por ter sido capaz de acolher a vontade de Deus, e não apenas de a viver na sua vida como de a tornar presente para todos.
Muitos são, de facto, os bons frutos que por meio do Senhor D. José recebemos do Pai. Mas, tenho a certeza, muitos serão os frutos que o próprio Deus, através da sua ação e da sua oração, nos vai ainda oferecer. Por isso, o "obrigado" sentido que é dever pronunciar neste momento, não pode deixar de se transformar na expectativa de quem espera do seu antigo pastor muitos mais sinais da presença do Deus connosco.
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