Uma aberração

Vasco Pulido Valente
Público, 22/06/2013

Um grupo de oito deputados, todos presumivelmente produto da JSD, resolveram perguntar ao ministro da Educação quanto custavam os sindicatos de professores, suponho que para demonstrar que o Estado não conseguia suportar essa tremenda despesa. O que tem feito este Governo e esta maioria quase não merece comentário. Mas não deve haver um único Parlamento no mundo civilizado em que esta cena espontaneamente se passasse. Gente como os meninos da JSD não está na Assembleia da República, está num jardim- -infantil muito bem guardado à espera de chegar à idade adulta. Era possível escrever tratados sobre a ignorância, a inanidade e o ridículo dessas criancinhas, se o esforço aproveitasse alguma coisa aos pobres portugueses que as vão aturando e, já agora, a elas próprias.
De qualquer maneira, vale a pena investigar quem as preparou para as responsabilidades que hoje são as delas. A JSD (de resto, como a JS e a JP) admite militantes desde os 14 aos 30 anos. Por outras palavras, pega num adolescente, ou num pré-adolescente, e daí em diante não o larga até ele se tornar num homem ou numa mulher. Isto lembra regimes de má memória que faziam o mesmo: a ditadura de Salazar, a de Mussolini e a de Hitler para já não falar dos "Pioneiros" da URSS e da Europa de Leste. "Juventudes" deste género sobrepõem à educação da família uma educação política forçosamente facciosa e com certeza não lhes custa formar segundo as suas conveniências criaturas que não chegaram ainda à maturidade fisiológica, intelectual, moral ou profissional. É um exercício de abuso de menores, que a lei não condena.
Aparentemente, só lhes metem uma única ideia na cabeça: a fidelidade ao partido. E uma única convicção: a convicção de que o partido levará fatalmente esse rebanho ao sucesso político, a uma sinecura oficial ou a um negócio confortante, como manifestamente levou vários representantes da estirpe, entre os quais Pedro Passos Coelho e António José Seguro, à posição exaltada que actualmente ocupam. A JSD acaba por se tornar a casa, a escola, a universidade dos desgraçados que pouco a pouco se convencem disto. Imersos na intriga perpétua da instituição pelo favor do "chefe" ou de alguma facção transitoriamente dissidente, adquirem depressa uma cultura muito próxima da cultura dos bas-fonds e um saudável desprezo pela realidade. Seria sem dúvida um serviço ao país proibir as "juventudes" dos partidos de receber membros de menos de 18 anos e de os conservar para além dos 25: como quem reprime uma tendência antidemocrática e deletéria numa sociedade equilibrada ou, pelo menos, que se esforça e gostava de ser melhor do que parece.

Comentários

Acabar com os ninhos dos ovos de serpentes!

Mensagens populares deste blogue

OS JOVENS DE HOJE segundo Sócrates

Hino da Padroeira

O passeio de Santo António