Gonçalo Portocarrero de Almada Público, 27/06/2013 No centro da questão sobre a adopção está a noção de família. Alguns entendem-na como uma realidade natural, irreformável na sua essência, mas outros acham que a família é um produto essencialmente cultural e, portanto, susceptível de adaptação às novas realidades sociais e políticas. De facto, a família romana não coincide com a medieval, nem esta com a actual. A família pagã, por exemplo, admite o divórcio e o aborto, mas a cristã exige a indissolubilidade do vínculo e o respeito pela vida humana desde a concepção. Contudo, quer na Roma pagã, quer na Idade Média cristã, quer mais modernamente, a família é sempre entendida em função do matrimónio, ou seja, da união estável de um homem e uma mulher. Na antiguidade clássica, embora a homossexualidade fosse aceite e até socialmente prestigiada, nunca se admitiu que a união de duas pessoas do mesmo sexo fosse casamento. Não por um preconceito cultural, ou religioso, que o não hav