Uma questão ridícula

José António Saraiva | Sol | 20/09/2015

A polémica que se instalou à volta de uma sondagem da Eurosondagem, que dava a maioria de votos ao PS mas a maioria de deputados à coligação, é absolutamente ridícula. Como ridícula é a manchete do Expresso dizendo que o PR chamará a formar Governo quem tiver maior número de mandatos. Mas poderia haver alguma dúvida sobre isso? Só num país de opereta uma questão como esta daria azo a dúvidas.
Esclareçamos.
As percentagens nacionais têm um valor puramente indicativo, ou seja, legalmente não valem nada. Os deputados são eleitos por círculos, e o que interessa são as percentagens em cada círculo – que, de acordo com o método de Hondt, estabelecerão o número de deputados que cada partido terá nesse círculo eleitoral.
Repito: as percentagens nacionais não contam para coisa nenhuma. E mesmo as percentagens por círculos só contam para a eleição do número de deputados, não têm valor em si. Passado o momento da votação, as percentagens são deitadas fora e o que fica é o número de deputados eleitos.
Portanto, lançar dúvidas à volta disto, ou mesmo fazer humor – como fez António Costa, dizendo qualquer coisa como «eles querem ganhar marcando menos golos mas por terem mais jogadores em campo» -- é uma infantilidade.
As percentagens servem para calcular o número de deputados que cada partido terá em cada um dos 22 círculos eleitorais – e quem formará Governo será a força politica com mais deputados.
Alguma dúvida?   

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