Os cartazes do PS, o Jardim Zoológico e, claro, os meus filhos
Inês Teotónio Pereira, ionline 2015.08.08
Acredito que as melhores cabeças do PS não devem ter nada a ver com a desgraça dos cartazes do PS.

Suspeito, aliás, tenho quase a certeza que a coligação vai ganhar as eleições. Há uns meses não suspeitava, apenas desejava, mas as coisas mudaram. Um dos meus filhos diz que “as pessoas votam sempre contra porque estão sempre contra tudo”, por isso, este meu filho não tem a minha suspeita. Mas a minha suspeita fundamenta-se numa evidência muito simples que este meu filho conhece mal: o PS. O PS é uma desgraça completa. O PS é de tal maneira mau que nem sabe fazer cartazes.
Ora, isto é grave: se um partido não sabe fazer cartazes, sabe fazer o quê? Se um padeiro não sabe fazer pão, sabe fazer o quê? Não é que os cartazes tenham uma importância por aí além – que não têm – o que tem verdadeiramente importância é um partido político a sério não os saber fazer. E o pior de tudo, o que é mesmo preocupante, é que denota-se que há ali um esforço, um esforço em fazer bem. Primeiro, foi a cara do líder (claro que não podia resultar). Depois, não me lembro (quer dizer que foram péssimos). Há uns dias foi um cartaz esquisito que parecia propaganda de uma igreja de malucos. E agora põem uma senhora a queixar-se que ficou desempregada há cinco anos, ou seja, na altura em o PS era governo. Pior só um cartaz com Armando Vara a declarar que apesar da crise nunca ficou desempregado, por exemplo.
Eu podia dar ideias para cartazes do PS: reunia a criançada, pagava um gelado a cada um e o assunto resolvia-se em meia hora. Mas ninguém nos pediu e eu faço os possíveis para afastar os meus filhos de disparates, assim como não os deixo ver telenovelas.
Ora, esta notável incompetência do PS, deixa qualquer pessoa insegura: como é que vai ser quando eles resolverem fazer autocolantes? Como serão os tempos de antena? E qual será a estratégia de campanha, meu Deus? Será que António Costa vai andar num “pão de forma” pelo país a distribuir autocolantes com a cara do saudoso Varoufakis? E os tempos de antena, Costa de tanga numa ilha grega a falar do milagre helénico? A ver pelos cartazes é todo um mar de possibilidades que se abre e que me deixam apreensiva.
Acredito que as melhores cabeças do PS não devem ter nada a ver com a desgraça dos cartazes do PS, acredito que estes génios socialistas devem estar ocupados com problemas mais graves como seja o facto de o país não estar à beira da bancarrota ou de o desemprego estar a diminuir. Vai daí faz-se como as crianças e culpa-se um desgraçado qualquer. Neste caso culpa-se o brasileiro que anda há décadas a fazer campanhas eleitorais em Portugal. Mas não, a culpa não é do brasileiro.
A culpa é mesmo do PS. Para fazer um cartaz é preciso ter uma ideia, ora, o PS acha que pode ter cartazes sem ter ideias. Pensam como o meu filho: chega ser do contra. Só que não chega. Primeiro porque as pessoas não são parvas, e segundo porque as pessoas não são ignorantes. Pois eu acho que tendo em conta o vazio socialista os cartazes até estão muito bons. Ficariam melhor se tivessem uma alusão ao aeroporto de Beja ou ao TGV, tipo: “Estou desempregada há cinco anos e nunca andei de TGV”, por exemplo. Mas nada. Nem um apontamento humorístico os rapazes conseguiram inventar.
O meu filho de dois anos também tem estas manias: ele acha que é o centro do mundo e que não precisa de ter nada de interessante para dizer para ter atenção. Basta-lhe gritar. E grita. Grita “mãe, mãe, mãe”, eu acabo por olhar, mas não tem nada para me dizer (até porque não sabe falar...), só quer que eu olhe para ele e ri-se. Aquilo só resulta porque ele é chato e giro.
Ora, o PS é só chato.
No outro dia levei este meu filho a ver os golfinhos no Jardim Zoológico, e quando as pessoas começaram a bater palmas aos bichos, ele ficou envergonhado porque achava genuinamente que os aplausos eram para ele. Tem dois anos, este meu pequeno narcisista. Pois o PS já tem uns aninhos a mais que o meu filho mais novo e já devia saber que é preciso ter alguma coisa para dizer quando se quer atenção (ou votos) e que não basta existir para ser aplaudido (eleito). É por isso que o PS vai mesmo perder. Talvez assim acabe por crescer ou irá acabar no Jardim Zoológico a roubar palmas aos golfinhos.

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