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A mostrar mensagens de agosto, 2015

Se fosse com António José Seguro, o PS ganhava

Alexandre Homem Cristo Observador 31/8/2015 Costa encurralou o PS quando a estratégia de Seguro tinha tudo para funcionar. Se tivesse mantido a busca por compromissos, seria fácil ao PS mostrar que é possível discordar do governo e ser solução Ao longo do último ano, convencemo-nos de que António José Seguro não tinha o que era necessário para vencer as legislativas, apesar das vitórias eleitorais nas autárquicas e nas europeias. Convencemo-nos ainda que, com António Costa no PS, tudo seria diferente – uma rápida subida nas sondagens, uma possibilidade real de obter uma maioria absoluta, uma garantia de derrota estrondosa da direita. Ora, a um mês das legislativas e a confiar nas sondagens, o cenário é bem diferente do esperado – o PS não descolou nas sondagens, a maioria absoluta parece impossível e a coligação PSD/CDS até pode vencer as eleições. Notar que António Costa foi sobrestimado é dizer o óbvio. A dúvida é se, no sentido inverso, António José Seguro não terá sido sub

Missa de Bento XVI para os participantes no encontro anual dos seus ex-alunos ·

Osservatore Romano, 31 de Agosto de 2015 «Verdade, amor e bondade provêm de Deus, tornam o homem puro e encontram-se na palavra que liberta do “esquecimento” de um mundo que já não pensa em Deus». É a mensagem central da homilia de Bento XVI na missa celebrada domingo 30 de Agosto, na igreja do Campo Santo Teutónico no Vaticano, por ocasião do tradicional seminário estivo dos seus ex-alunos, o chamado Ratzinger Schülerkreis. O encontro foi realizado nos últimos dias em Castel Gandolfo sobre o tema «Como falar hoje de Deus».  Para a homilia, pronunciada em alemão, o Papa emérito inspirou-se no trecho do Evangelho de Marcos (7,1-8.14-15.21-23), recordando que exactamente há três anos, na mesma ocasião, o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, tinha colocado a pergunta: «Mas não se deve, talvez, ser purificados também a partir de fora e não só interiormente?» O mal vem só de dentro ou também de fora?». Uma questão interessante, relançou Bento XVI propondo a sua meditaç

Em defesa do Ocidente: capitalista, pluralista e democrático

JOÃO CARLOS ESPADA Público, 31/08/2015   Os refugiados buscam a paz e a prosperidade geradas no Ocidente por aquilo que tantos criticam: o capitalismo pluralista e democrático. O regresso de férias é sempre difícil. Aconteceram muitas coisas entretanto. Mas não prestámos atenção detalhada. E não sabemos bem por onde (re)começar. Uma hipótese reside em começar por observar o privilégio de não ter sido obrigado a prestar atenção detalhada. De acordo com um discurso que vai crescendo entre nós — em Portugal, na Europa e no Ocidente em geral — este privilégio de não ter de prestar atenção detalhada é um privilégio do “Ocidente opressor”; do “capitalismo, onde crescem as desigualdades”; das “falsas democracias, onde cresce o poder do dinheiro sobre o poder político”; do “egoísmo dos estados-nação capitalistas, que não querem abrir as suas portas aos refugiados do resto do mundo.” Mas, se a Europa e o Ocidente capitalistas fossem tão pérfidos e opressores, por que motivo é que o

Quem é Passos Coelho?

Helena Matos Observador 30/8/2015 Passos construiu o seu discurso sobre o que tinha de ser. E deu-se bem. Chegou a 2015 à frente do Governo, cumprindo um mandato que quase todos, sobretudo no seu partido, consideravam a prazo. A pergunta pode parecer o resultado duma distracção: todos os dias vemos Passos Coelho na televisão e nos jornais. Ouvimos-lhe a voz na rádio. O Verão e a doença da mulher puseram-no também nas capas das revistas do coração. Mas apesar disso, ou muito provavelmente também por causa disso, sabemos muito pouco sobre Passos Coelho. E ele, naturalmente, agradece. Há cinco anos que Passos se tornou líder do PSD. Mas, se repararmos bem, nestes cinco anos Passos expôs-se muito pouco porque havia sempre algo de muito urgente a que tinha de dar resposta. Passos passou para o primeiro plano da política em 2010, ao mesmo tempo que o país entrava na corrida dos PECs, cada um deles sempre o derradeiro e de aprovação tão imprescindível quanto o anterior. Com o eleit

Os africanos estão loucos?

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José Maria C.S. André Correio dos Açores,    Verdadeiro Olhar,    ABC Portuguese Canadian Newspaper,    Spe Deus,    30-VIII-2015 A notícia é extravagante, mas o contexto não fazia prever nada de especial. No momento em que escrevo, terminou há pouco o encontro e o comunicado final está a ser distribuído em Kinshasa. De 21 a 25 de Agosto de 2015, centenas de jovens, representantes de todos os países de África, debateram a «Educação para uma cultura de paz e de reconciliação». Reconheço que nunca dei nada por estas jornadas, promovidas pela Assembleia das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM) e acolhidas em Kinshasa pela Conferência Episcopal da República Democrática do Congo (CENCO). Nunca se viu uma confusão de centenas de jovens surpreenderem o mundo com conclusões geniais. E o tema, desta vez, era coisa meio chocha. Tinha tudo para ser previsível. Parecia óbvio, o que havia que dizer, e realmente foi dito: é preciso acabar com a vaga de

As cartas de Costa

Inês Teotónio Pereira, ionline, 20150830 Diga-me cá, caro amigo, porque é que não escreveu “Caras e caros amigas”?  Ah, pois é… o computador deu erro, queres ver? Para quem ainda está a banhos como eu e se preocupa quase exclusivamente com o estado do tempo e com o estado do mar, as cartas de António Costa chegam-nos tarde, sem cronologia, sem contexto e, de alguma forma, abruptamente. Li uma delas ao calhas. Caiu-me no computador num dos dias em que apanhei wi-fi gratuita, mas escapou-me a data. A carta que li é intemporal. Fala de empobrecimento, do esforço que a direita faz todos os dias para empobrecer o país, de como PS vai criar empregos para todos e para todas e fala de cultura e de inovação. A carta pode ter 20, dez ou apenas quatro anos. Não sei, escapou-me a data. O vazio, como se sabe, não tem data, não tem princípio nem fim. Não precisa.  Li a carta do princípio ao fim e fiquei com várias dúvidas. Sobre o conteúdo propriamente dito, e tendo em conta que todos o

TGV: terrorismo a alta velocidade

P. Gonçalo Portocarrero de Almada Observador 29/8/2015 O feito heróico fica com quem o praticou, mas a lição é para todos. Não temos o TGV, mas também temos criminosos, heróis e cobardes. Tal como havia dentro daquele TGV. Os heróis fazem a diferença. Pelo seu carácter excepcional, vale a pena recordar o heróico episódio de sexta-feira passada, 21 de Agosto, a bordo do TGV Amesterdão-Paris. Quando o comboio estava perto da estação de Arras, no norte de França, ainda próximo da fronteira com a Bélgica, Ayoub El-Khazzani, armado até aos dentes, fez tenção de atacar os passageiros. Felizmente, na carruagem viajavam também, entre outros, quatro bravos, que fizeram frente ao guerrilheiro islâmico: um consultor inglês de 62 anos, Chris Norman; e três norte-americanos, o estudante Antonhy Sandler e seus amigos militares, Spencer Stone, da Força Aérea, em serviço na base das Lajes, nos Açores, e Alek Skarlatos, da Guarda Nacional dos Estados Unidos da América. Que a França seja so

Adivinhem quem voltou? Se dúvidas houvesse, Nelson apontou para o apelido

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 NELSON MARQUES Expresso, 28.08.2015 Esta quinta-feira, ao ver Nelson Évora voar para o bronze nos Mundiais de atletismo, depois de anos de calvário, lembrei-me da extraordinária Vanessa Fernandes. Já ninguém se lembra de Vanessa. Chegou a melhor do mundo no triatlo em 2007, conquistou a prata nos Jogos Olímpicos de 2008 e depois caiu no abismo da depressão. Mas eu lembro-me bem daquela prova olímpica, em 2008, também ali em Pequim, onde Nelson foi campeão olímpico e onde agora voltou a ser feliz. Há seis anos, Vanessa viu fugir a tricampeã mundial Emma Snowsill para o ouro e parecia perder gás na luta por uma medalha olímpica. Quem, como eu, seguia a corrida, temeu o pior. Foi então que se ouviu a voz do pai, Venceslau Fernandes, que venceu a Volta a Portugal aos 39 anos e só parou de pedalar aos 45: "Aguenta, Vanessa, aguenta! É até cair! É até cair!". Foi, ao mesmo tempo, assustador e emocionante. Há uma parte de nós que não pode deixar de se chocar por ver um pai

O meu Algarve

JOÃO TABORDA DA GAMA DN 2015.08.28 O meu Algarve não tem mar, nem areia, nem raquetes, nem rochas. O meu Algarve não tem sal nem Sul, é no meio de Portugal. Não tem mar nem rio, mas tem água e é até por causa da água que ela existe. Água de beber, que vem do centro da terra. Na Curia curam-se tiroides baralhadas, reumáticos joelhos, rins ruins. Tudo por causa do quimismo da água que, no que toca à mineralização total, é hipersalina e apresenta uma composição iónica sulfatada e cálcica, como de resto se pode ler no site. A água da Curia dá a vida eterna, ou pelo menos parece que dá, o que dá no mesmo, lá as velhices parecem mais lentas. Passo sempre férias no Palace Hotel da Curia, hoje menos, antes quinze religiosos dias, de um a quinze, de agosto claro está, porque de um a quinze é coisa que só acontece em agosto. O quarto era sempre o mesmo, o cento e vinte sete, agora mudaram a numeração, e o quarto também não pode ser o mesmo com o número novo, porque antes era só eu e o m

Job

Paulo Tunhas Observador 27/8/2015 O que o Livro de Job diz já chega para muito no que respeita ao sofrimento. E à estupidez. O Livro de Job é mesmo um grande escrito sobre a estupidez humana. Há escritos que parecem conter tudo o que se pode dizer de essencial sobre uma determinada matéria. Tome-se, por exemplo, o sofrimento. Conhecemos directamente o sofrimento ao longo das nossas vidas, e desde o princípio, de múltiplas maneiras. E conhecemo-lo indirectamente através dos outros. As duas formas de conhecimento encontram-se, é claro, tão ligadas em tantos casos, quando o sofrimento dos outros vem de nós, e o nosso dos outros, que é difícil separá-las absolutamente.  Para além disso, a arte – a poesia, a música, o romance, a pintura, os filmes, tudo – fala-nos do sofrimento. E a televisão expõem-no, devida ou indevidamente, mais indevida do que devidamente, várias vezes ao dia. Estamos, literalmente, rodeados de sofrimento. Mas, na medida em que há algo de essencial que se deix

Vídeo mostra migrantes a recusarem ajuda da Cruz Vermelha

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Graça Andrade Ramos - RTP 27 Ago, 2015  Polícia da Macedónia dia 21 de agosto de 2015, de guarda junto a uma barreira fronteiriça de arame onde se encostam centenas de migrantes vindos do Médio Oriente e que pretendem chegar à Europa central. | Alexandros Avramidis - Reuters O vídeo dura um minuto e 25 segundos e está circular nas redes sociais como alegada prova de riscos da entrada na Europa de migrantes muçulmanos vindos do Médio Oriente. A cena passou-se na fronteira da Macedónia e mostra algumas centenas de pessoas a recusarem receber pacotes de auxílio marcados com o símbolo da Cruz Vermelha. A primeira publicação do vídeo no YouTube data de 22 de agosto, mas é impossível perceber a data da gravação das imagens.  Nas imagens, gravadas após uma chuvada que encharcou tudo, alguns soldados carregados com caixas da Cruz Vermelha tentam aproximar-se dos migrantes encostados a uma barreira fronteiriça de arame junto a algumas tendas. São recebidos com um coro de protestos.

Stop Abortion

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Tiago Cavaco, Facebook, 20150824 Nos Estados Unidos os tempos são de resistência ao aborto. Por que é que a nossa comunicação social não diz nada sobre o assunto? Pois. Houve manifestações este Sábado passado por todo o país. O pastor baptista John Piper partilhou algumas palavras sobre o dia, que julgo muito úteis para nós, evangélicos em Portugal. “Não é segredo que a Igreja Católica Romana tem sido a espinha dorsal do moviment o pró-vida ao longo de quarenta anos. Agradeço a Deus por esta clareza perseverante em relação à realidade e dignidade da vida humana dos que ainda não nasceram. Não sou um Católico Romano, mas coloquei-me alegremente ao lado deles nesta causa comum de justiça pelos que ainda não nasceram. Quando for o tempo certo, teremos as nossas discussões vivas e agressivas sobre o sacrifício da missa, a regeneração baptismal, e a preciosa doutrina da justificação pela fé. Mas cada coisa tem o seu tempo. Esta manhã o assunto era: Deus está a tecer vida humana à sua