Solidão
Excerptos de "A Bruxa" de Carlos Drummond de Andrade
Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.
Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
…..
De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
…..
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?
e a essa hora tardia
como procurar amigo?
E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
…..
Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
….
Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.
Comentários