Natal
DESTAK |19 | 12 | 2012 23.32H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt
O mundo está de luto, mas vestiu-se de festa. O tempo perdeu a esperança, mas ainda celebra. Não se vê saída, mas é Natal. Anúncios, iluminações, prendas, jantar, votos são iguais. Nós é que estamos diferentes. Apetece-nos queixar, protestar, revoltar-nos, pedir, chorar. Não queremos festa, não podemos celebrar, mas é Natal.
Assim não devia haver Natal. Não há dinheiro para anúncios e iluminações. Não podemos pagar prendas, jantar e votos. Não há condições para haver Natal. Apesar disso há Natal. Outra vez Natal. Porque o Natal não depende de nós. O Natal não acontece quando dá jeito, quando estamos preparados, quando é conveniente.
O Natal não é quando um homem quiser. Aparece simplesmente, inesperadamente, inconvenientemente. Foi assim da primeira vez. É assim todos os anos. No primeiro Natal «não havia lugar para eles na hospedaria» (Lc. 2, 7). Este ano não há disposição para festas. Ao fim de tantos anos continua a não haver lugar.
No entanto, volta a ser Natal. O Natal insiste em acontecer, mesmo que não dê jeito. O Natal compreende que não tenha lugar. Não se queixa, não protesta, não se revolta, não pede ou chora. Limita-se a passar adiante e a acontecer na mesma.
Porque o Natal não depende de nós. Depende do Céu. Só o Céu pode fazer o inesperado, o inacreditável, o impossível. Só o Céu pode fazer o Natal. Vindo o Natal de fora do mundo, é compreensível que não dê jeito, que seja inoportuno, inconveniente.
Mas quando acontece o impossível, que interessa o resto? Qualquer que seja a situação e a conjuntura, só o Natal conta.
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