Remorsos
Inês Teotónio Pereira , i-online 29 Dez 2012
Uns dos principais factores de sofrimento dos pais são os remorsos. Os remorsos são uma espécie de parasitas que se alimentam da boa consciência dos pais e são propagados pelos filhos com o objectivo maléfico de lançar uma epidemia de remorsos de forma a enfraquecê-los. É basicamente isto. Os remorsos são o cavalo de Tróia dos filhos, são uma forma maliciosa de invadirem quem lhes parece mais forte, e maior, atingindo directamente o coração do adversário: os pais.
Quem é pai ou mãe sofre ou já sofreu desta doença, desta fraqueza, deste martírio. Ou porque nos zangamos com toda a razão e a criança teve uma reacção absolutamente desproporcionada desatando aos gritos em absoluto sofrimento como se não houvesse amanhã; ou porque vamos sair à noite e o menino na hora da despedida baixou a cabeça e perguntou em voz baixa “vai sair outra vez… é?”; ou porque mandamos a criança para a cama só pelo sossego que a ida para a cama de um filho proporciona, e essa é, por isso, uma atitude egoísta; ou porque achamos que devíamos brincar mais com os nossos filhos e zangar-nos menos; ou porque simplesmente trabalhamos e passamos pouco tempo em casa, e é por causa disso que a criança teve negativa a Matemática. Todos os dias, todos os pais têm pelo menos seis ou sete vezes remorsos. Um drama.
É certo que os remorsos, ao contrário de outras doenças, não matam, mas moem. E as crianças sabem. Sabem e controlam os pais e as mães através dos remorsos, como se fossem um comando à distância: “Podes ir jantar fora, mas vais-te arrepender: o bifinho vai saber a vinagre. Ehehe…”
É urgente que seja lançado um Plano Nacional de Erradicação dos Remorsos e da Promoção do Alívio de Consciência. Mais uma vez, somos nós contra eles, os filhos.
Uns dos principais factores de sofrimento dos pais são os remorsos. Os remorsos são uma espécie de parasitas que se alimentam da boa consciência dos pais e são propagados pelos filhos com o objectivo maléfico de lançar uma epidemia de remorsos de forma a enfraquecê-los. É basicamente isto. Os remorsos são o cavalo de Tróia dos filhos, são uma forma maliciosa de invadirem quem lhes parece mais forte, e maior, atingindo directamente o coração do adversário: os pais.Quem é pai ou mãe sofre ou já sofreu desta doença, desta fraqueza, deste martírio. Ou porque nos zangamos com toda a razão e a criança teve uma reacção absolutamente desproporcionada desatando aos gritos em absoluto sofrimento como se não houvesse amanhã; ou porque vamos sair à noite e o menino na hora da despedida baixou a cabeça e perguntou em voz baixa “vai sair outra vez… é?”; ou porque mandamos a criança para a cama só pelo sossego que a ida para a cama de um filho proporciona, e essa é, por isso, uma atitude egoísta; ou porque achamos que devíamos brincar mais com os nossos filhos e zangar-nos menos; ou porque simplesmente trabalhamos e passamos pouco tempo em casa, e é por causa disso que a criança teve negativa a Matemática. Todos os dias, todos os pais têm pelo menos seis ou sete vezes remorsos. Um drama.
É certo que os remorsos, ao contrário de outras doenças, não matam, mas moem. E as crianças sabem. Sabem e controlam os pais e as mães através dos remorsos, como se fossem um comando à distância: “Podes ir jantar fora, mas vais-te arrepender: o bifinho vai saber a vinagre. Ehehe…”
É urgente que seja lançado um Plano Nacional de Erradicação dos Remorsos e da Promoção do Alívio de Consciência. Mais uma vez, somos nós contra eles, os filhos.
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