Mails menos maus
Público 2012-11-02 Miguel Esteves Cardoso
É pena que já quase ninguém tenha paciência de escrever cartas à mão, levá-las ao correio e comprar selos. Por outro lado, pode-se ter cuidado com os mails e escrevê-los bem, parando para pensar e tentando ser interessante.
Nem tão-pouco é preciso escolher entre a carta manuscrita e o mail. Porque não escrever um bilhete ou uma carta à mão, digitalizá-la ou fotografá-la e mandá-la por mail? A velocidade e o preço são iguais.
O destinatário não terá o prazer de receber o peso duma carta e ver a sua caligrafia ali no papel que segura mas sentir-se-á mais próximo de si e fará uma ideia da presença da sua personalidade.
Também pode escrever numa máquina, manual ou eléctrica, e fazer o mesmo - até as máquinas são sexy no mundo anódino dos mails. O Gmail, que é de longe o melhor serviço, é particularmente feio no formato.
Pode guardar os originais como cópias ou, melhor, mandá-las pelo correio. Assim o seu correspondente tem o prazer (ou intencional desprazer) de ler a sua carta imediatamente, recebendo pouco depois o original.
Deixe ficar as emendas: dão vida. Dos mails cheios de gralhas e abreviaturas só transparecem pressa e descuido. Mas as correcções mostram vagar e respeito pela outra pessoa.
Comentários