Mails menos maus

Público 2012-11-02 Miguel Esteves Cardoso

Se quiser ler uma defesa da caligrafia que lhe dará logo vontade de pegar numa caneta, tente reaver a revista 2 do PÚBLICO de 21 de Outubro onde se publicou um belo excerto do mais recente livro do romancista e crítico Philip Hensher. Ou gugle o nome dele e handwriting.

É pena que já quase ninguém tenha paciência de escrever cartas à mão, levá-las ao correio e comprar selos. Por outro lado, pode-se ter cuidado com os mails e escrevê-los bem, parando para pensar e tentando ser interessante.

Nem tão-pouco é preciso escolher entre a carta manuscrita e o mail. Porque não escrever um bilhete ou uma carta à mão, digitalizá-la ou fotografá-la e mandá-la por mail? A velocidade e o preço são iguais.

O destinatário não terá o prazer de receber o peso duma carta e ver a sua caligrafia ali no papel que segura mas sentir-se-á mais próximo de si e fará uma ideia da presença da sua personalidade.

Também pode escrever numa máquina, manual ou eléctrica, e fazer o mesmo - até as máquinas são sexy no mundo anódino dos mails. O Gmail, que é de longe o melhor serviço, é particularmente feio no formato.

Pode guardar os originais como cópias ou, melhor, mandá-las pelo correio. Assim o seu correspondente tem o prazer (ou intencional desprazer) de ler a sua carta imediatamente, recebendo pouco depois o original.

Deixe ficar as emendas: dão vida. Dos mails cheios de gralhas e abreviaturas só transparecem pressa e descuido. Mas as correcções mostram vagar e respeito pela outra pessoa.

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