Isabel Jonet, as palavras e os atos

Henrique Monteiro (www.expresso.pt)
10:38 Sexta feira, 9 de novembro de 2012

A presidente do Banco Alimentar deu umas opiniões, anteontem à noite, na SIC Notícias. Ontem, durante todo o dia, foi simbolicamente queimada na fogueira das redes sociais; hoje segue o auto-de-fé em alguns jornais. Salvo algumas boas almas (de esquerda e de direita) que a tentaram compreender, o veredicto foi unânime: ela disse o que não se pode dizer.
Na sociedade atual, como no tempo da Inquisição, todos temos de andar com um credo na boca. Tal como o credo católico, também este se baseia em crenças e não em factos!
E o que disse Isabel Jonet? Enfim, disse o que pensa e isso hoje pode ser quase um crime.
Tanto bastou para os arautos do politicamente correto se porem em ação. Uns escreveram que não dão nem mais um quilo de arroz enquanto ela for presidente do Banco Alimentar; outros exigiram a sua demissão (da instituição privada que ela própria fundou); uma série deles acusou-a de insultar os pobres (embora os próprios não sejam pobres sabem quando os pobres se sentem insultados) e um movimento ameaça-a de não sei o quê.
A obra de Isabel Jonet fala por si. Mas há uma certa categoria de gente para quem o importante são palavras. Para quem os pobres não são pessoas reais, com qualidades e defeitos, mas categorias político-filosóficas abstratas. Claro que nenhum daqueles que critica violentamente Isabel Jonet terá feito um centésimo do que ela fez no combate à pobreza e à fome em concreto. Mas a pessoas assim não interessam obras nem atos concretos. Apenas ideias e palavras.

Comentários

Anónimo disse…
A unica frase infeliz que lhe ouvi foi "em portugal não há miséria", mas entendi que foi uma ideia deixada incompleta.
E não há:
não há miséria generalizada
não há miséria como na Grécia

e outras tantas maneiras de completar a frase que tornam a afirmação certissima.

De resto nem vejo de onde vem a tempestade em copo de água - tudo o que ouvi já senso comum e tão evidente que não merece censura nem aplauso. É assim mesmo (ponto)
Verdadíssimo
Oxalá os bancos alimentares fossem suficientes e curiosamente nunca se falou em corrupção nesta organização ao contrário de outras fundações estatais e onde pululam esses arautos que querem ser ricos sem trabalharem.
Fernanda Maia
Anónimo disse…
"Tal como o credo católico, também este se baseia em crenças e não em factos!"

Não em factos?!!

O Credo Católico são factos sim senhor!

Rodrigo FC
Anónimo disse…
Concordo inteiramente com o Henrique Monteiro e sobretudo com o que se diz e a qualidade do debate em Portugal dos assuntos mais fundamentais. Veja-se os dllates do dr Mário Soares, deixou de poder ser levado a sério !
José Cardoso de Menezes

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