A re-eleição do Presidente Obama
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João Vila-Chã, 2012-11-07
O Papa Bento XVI, através da Nunciatura em Washington, enviou ao Presidente Obama as suas felicitações e promessa de orações para que Deus o assista na sua "altíssima responsabilidade perante o País e a comunidade internacional" e de modo a que "os ideais da liberdade e da justiça", linhas-mestras dos fundadores dos Estados Unidos da América, continuem a resplandecer pelos caminhos da Nação que acaba de reeleger o presidente incumbente. Dito isto, sabemos a posição extremamente difícil para que Obama tem empurrado a Igreja Católica no seu país, de onde julgo ser de prever sérias dificuldades no Espaço Público dos Estados Unidos da América. Sei que milhões de católicos estão preocupados, e é bom que o estejam; sei também que há muitos outros católicos que rejubilam com a vitória do candidato do Partido Democrático. Pessoalmente, já manifestei a minha opinião: a eleição é um facto e Obama continuará a ser Presidente dos Estados Unidos da América por mais 4 anos, sendo este um facto político incontroverso que merece todo o respeito. Dito isto, porém, uma coisa volto a acrescentar: a posição defendida por Barack Obama em relação a questões fracturantes como o aborto ou o chamado casamento gay, para não falar de outras questões em âmbito bioético ou no que à prática da guerra diz respeito, é manifestamente incompatível com os ensinamentos da Igreja e as exigências do Evangelho. Lamentavelmente, os Estados Unidos têm implementado leis que são profundamente imorais e não posso deixar de lamentar, com toda a ênfase, o tremendo risco que representa uma governação insensível a alguns aspectos essenciais da vida ético-moral. Contudo, uma coisa é certa: as questões ético-morais pertencem ao âmbito da consciência, e até ao dia em que as consciências não se formem rectamente (nomeadamente através da educação) e as pessoas actuem em conformidade com uma consciência correctamente formada, o abismo ético-moral continuará a alargar-se e a plausibilidade do desastre não deixará de crescer. A vitória do Presidente Obama merece-me todo o respeito; porém, a sua posição em relação ao aborto e outras questões essências da vida moral, são-me merecedoras de uma muito séria chamada de atenção para o que elas representam: um abismo de incongruência e desrespeito pelo que de melhor temos na nossa condição humana, ou seja, a nossa liberdade estruturada em termos de responsabilidade. Se pudesse, gritaria aos mais de 60 milhões de católicos que vivem nos Estados Unidos: permaneçam unidos e fiéis ao Magistério da Igreja; assumam-se como o que são e, ainda mais, como o que devem ser; descubram a beleza de ser quem são e a missão que têm, nomeadamente, a de ser testemunhas vivas da Luz que é Cristo. Se triunfar, o "obamismo" pode tornar-se numa ingente catástrofe de natureza cultural e moral; se resistido, nomeadamente a partir do âmbito da consciência rectamente formada dos cidadãos e cidadãs, o novo termo do Presidente Obama poderá vir a ser algo bem melhor do que aquilo que, para todos os efeitos, não deixa de ser de temer.
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