Baptismo VII - É justo baptizar as crianças?
É JUSTO BAPTIZAR AS CRIANÇAS?
No final permanece a questão
– apenas uma breve palavra –
do Baptismo das crianças.
É justo fazê-lo, ou seria mais necessário
percorrer primeiro o caminho catecumenal
para alcançar um Baptismo autenticamente realizado?
E outra pergunta que se apresenta sempre é a seguinte:
«Mas podemos impor a uma criança
a religião que ela há-de viver ou não?
Não devemos deixar à criança a escolha?».
Estas perguntas demonstram que já não vemos
na fé cristã a vida nova, a vida verdadeira,
mas vemos uma escolha entre outras,
e também um peso que não se deveria impor
sem obter o assentimento da parte do sujeito.
A realidade é diferente.
A própria vida é-nos dada
sem que nós possamos escolher se queremos viver ou não;
a ninguém pode ser perguntado: «Queres nascer ou não?».
A própria vida é-nos dada necessariamente sem consentimento prévio,
é-nos concedida assim e não podemos decidir antes
«sim ou não, quero viver ou não».
E, na realidade, a pergunta verdadeira é:
«É justo dar a vida neste mundo,
sem ter recebido o consentimento – queres viver ou não?
Pode-se realmente antecipar a vida,
dar a vida sem que o sujeito tenha tido a possibilidade de decidir?».
Eu diria: só é possível e justo se, com a vida,
podemos oferecer também a garantia de que a vida,
com todos os problemas do mundo, é boa,
que é bom viver, que existe uma garantia
de que esta vida é boa, é protegida por Deus
e que é um dom autêntico.
Só a antecipação do sentido justifica
a antecipação da vida.
E por isso o Baptismo como garantia do bem de Deus,
como antecipação do sentido, do «sim» de Deus
que protege esta vida, justifica também a antecipação da vida.
Por conseguinte, o Baptismo das crianças não é contrário
à liberdade; é precisamente necessário oferecê-lo,
para justificar também o dom – que doutra maneira seria questionável –
da vida.
Só a vida que está nas mãos de Deus,
nas mãos de Cristo, imersa no nome do Deus trinitário,
é certamente um bem que se pode oferecer sem escrúpulos.
E assim estamos gratos a Deus que nos concedeu
esta dádiva, que se deu a Si mesmo a nós.
E o nosso desafio consiste em viver este dom,
em vivê-lo realmente, num caminho pós-baptismal,
tanto as renúncias como o «sim»,
sempre no grande «sim» de Deus,
e deste modo viver bem.
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