Avós para sempre
Há avós que são um farol, um
abrigo, uma referência. Acompanham-nos pela vida fora. Pelos laços que atam,
pelas palavras, gestos e valores que evocam, estão sempre presentes ainda que
estejam distantes ou ausentes. São avós que enchem o coração aos netos, que os
seguram à família e lhes mostram que, aconteça o que acontecer, estão lá.
Porque esses avós nunca partem, nunca deixam de existir, tornam-se imortais na
vida dos netos. São porto de abrigo e um íman agregador da família. E os netos,
não serão eles, uma ponte para a Eternidade?
O nascimento de
um neto pode ter o condão de despertar um sentimento de arrebatamento, êxtase e
paixão, como há muito os avós não sentiam. É como se vivessem de novo a paixão
adolescente, com as emoções à flor da pele, com o desejo ardente de estar
sempre ao lado, a acompanhar cada instante, a participar em todos os rituais
que envolvem o benjamim da família. Não querem perder o primeiro banho, a
primeira papa, os primeiros passos, a primeira ida à praia, o primeiro sucesso
no bacio… Antes os avós eram assim? Reagiam com tanto entusiasmo? Demonstravam
as emoções e os afetos com tanta facilidade? Alguns certamente que sim mas as
demonstrações de afeto não eram tão efusivas, particularmente por parte dos
homens, que eram ensinados a conter os sentimentos e a relegar as crianças para
a esfera feminina.
Hoje já não
estranhamos quando vemos uma avó a brincar com uma neta no parque infantil ou
um avô a jogar à bola com os netos. A dimensão afetiva e lúdica são
características das novas relações entre avós e netos. Em vez de austeros e
distantes, temos avós companheiros e cúmplices, que alinham em brincadeiras e
se esforçam por agradar aos netos.
Quando se é avó ou avô tem-se a
oportunidade de recuar aos tempos de infância e à altura em que nasceram os
filhos, diz-se. Por vezes, procura-se dar aos netos o que não se conseguiu dar
aos filhos – seja tempo, dedicação ou carinho, seja todo o tipo de presentes
(desde brinquedos às mensalidades do colégio ou, mais tarde, as propinas da
universidade). Muitos avós dão um apoio crucial os filhos e envolvem-se
ativamente na vida dos netos, ajudando nas tarefas diárias e na partilha das
despesas.
Mas nunca, como agora, houve tantos
avós para tão poucos netos - devido ao aumento da longevidade e à diminuição do
número de nascimentos.
As palavras de
alguns entrevistados:
“A minha experiência como avó é
maravilhosa. Ainda não sei descrever, porque é um deslumbramento tão grande que
ainda não consegui encontrar as palavras.” Lídia Jorge
“Se há um
antes e um depois de ser mãe, também há um antes e depois de ser avó! Já não me
imagino a viver sem as minhas netas!” Isabel Stilwell
“A coisa
mais maravilhosa da minha vida foi ter sido avó. Nós apaixonamo-nos pelos
netos.” Isabel Alçada
“Ser avô foi
um espanto! Foi um sentimento maravilhoso! Foi muito, muito bom!” Júlio
Machado Vaz
“Os netos
estão muito presentes na minha vida. Desde que nasceram os primeiros, ficam em
nossa casa até aos três anos.”Daniel Sampaio
“Recordo
tudo da minha avó e dos meus padrinhos. Um dia, uma semana, um mês não seria
tempo suficiente para descrever tudo.” José Luís Peixoto
“A minha avó
é o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Não equaciono a vida sem ela.” Bárbara
Guimarães
“Para nós,
os avós são figuras imortais; são velhos, já nasceram velhos e perduram
velhos.” Nuno Markl
Texto adaptado do livro "Avós Precisam-se - a importância
dos laços entre avós e netos", de Gabriela Oliveira (Arteplural
Edições, 2012). Fornecido pela autora à APFN.
Lisboa, 25
de Julho de 2012
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Rua José Calheiros, 15
1400-229 Lisboa
Tel: 217 552 603 - 919 259 666 - 917 219 197
Fax: 217 552 604
Comentários