De televisão da igreja católica a televisão da carbonária

Helena Matos, Blasfémias, 22 MAIO, 2015

Via Corta fitas cheguei a este video do telejornal da TVI apresentado do Museu dos Coches. A finalizar o dito bloco informativo José Alberto Carvalho mostrou o landau onde viajava D. Carlos no dia do regícidio. Aí começa uma singular peça jornalística de apologia do assassínio em nome da República.
Para começar o dia do regicídio é definido como “uma data considerada funesta  para os monárquicos”. Já de si é estranho que se restrinja a condenação do assassínio de um chefe de Estado e de um dos seus filhos (já agora o dito chefe de Estado era bem mais tolerante e democrático do que aqueles que lhe sucederam nessas mesmas funções) apenas àqueles que apoiam esse tipo de regime, logo se se mata um rei isso perturba os monárquicos, se se mata um PR isso perturba os republicanos, se se mata um católico o crime é condenado pelos católicos…
Mas o mais extraordinário veio depois. José Alberto Carvalho começa a ler a carta-testamento do Buíça “Meus filhos ficam pobrissimos; não tenho nada que lhes legar senão o meu nome e o respeito e compaixão pelos que soffrem. Peço que os eduquem nos principios da liberdade, egualdade e fraternidade que eu commungo e por causa dos quaes ficarão, porventura, em breve, orphãos” para de seguida afirmar exclamativo e consternado: “Dois dias antes Manuel Buíça  antevia o que lhe podia acontecer” (Coisa extraordinária esta e de uma clarividência única: uma pessoa prepara-se para matar outra que por sinal até é chefe de Estado e supor que não sobrevive a tal intento é uma antevisão profética! Experimente o Zé Alberto armar-se em Buíça por exemplo ao pé de presidentes progressistas  como Hollande ou Obama isto para já não falar de Putin e provavelmente só lhe resta  apresentar o telejornal para os anjinhos.)
Mas o pior estava para chegar. Em modo televisão carbonária  José Alberto Carvalho conclui “E ainda hoje curiosamente mais de um século  depois estes princípios republicanos ou de humanidade  são ainda objecto de debate. O que queremos e o que estamos disposto a fazer pelos nossos jovens é o tema de um debate na TVI 24 (…)  Está sempre tudo por dizer em relação ao sonho e à mudança.”
A avaliar por esta peça da TVI o que podemos fazer pelos nossos jovens é ensiná-los a fazer bombas para em nome dos princípios de humanidade matarem aqueles que os progressistas identificam como maus. E depois poeticamente concluímos “Está sempre tudo por dizer em relação ao sonho e à mudança.”

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