A morte de Hitler

VASCO PULIDO VALENTE Público 03/05/2015 - 05:54

Hitler assassinou sistematicamente qualquer homem ou criança a que arranjou maneira de deitar a mão.

Hitler não morreu em Maio; morreu no dia 30 de Abril, antes da rendição. Não o mataram, ele próprio se matou com um tiro na cabeça e, para segurança, com uma cápsula de cianeto.
O último ano da guerra, quando o Reich já não tinha salvação, foi o ano da guerra em que mais pessoas morreram e foram expulsas mais pessoas dos sítios onde tinham nascido e vivido durante séculos. À volta de 5000 maiorais do nazismo também se mataram para escapar às mãos do exército aliado, que sabiam determinado a fazer alguma justiça. Os “notáveis” conseguiram escapar e uma dúzia acabou em Nuremberga, onde a julgaram e acabaram por enforcar. Entretanto, e para bem da humanidade inteira, desabava um mundo, que felizmente jamais será possível reconstituir.
Em 1943, em Kursk, os russos liquidaram a força e a organização da maioria dos corpos blindados de Hitler e começou a ofensiva aérea da América e da Inglaterra que iria destruir a aviação alemã (e não simplesmente, como hoje às vezes se alega, bombardear civis). No meio desta radical revolta, Hitler resolveu passar à ofensiva contra a opinião maciça do Estado-Maior. Não queria esperar passivamente a sua derrota e não lhe interessava poupar a Alemanha a mais sofrimentos. Já sem a mais ténue ligação com a realidade, desguarneceu a frente oriental para atacar Eisenhower e Montgomery no preciso ponto em que ganhara em 1940. Mas perdeu, e perdendo, desperdiçou também o resto do seu melhor armamento e o resto dos militares ainda capazes de lutar.
Daí em diante, a guerra passou a ser uma carnificina, em que a Hitler assassinou sistematicamente qualquer homem ou criança a que arranjou maneira de deitar a mão. Cercado em Berlim, no “bunker” da Chancelaria, não deixou por isso de dirigir exércitos que só existiam na sua imaginação e executar as personagens por quem ele se achava traído. Milhares morreram assim, dentro e fora dos campos de concentração, enquanto o Exército Vermelho entregava a Prússia Oriental e uma parte da Silésia aos polacos e a Checoslováquia expulsava os “sudetas” para a Alemanha: 11 milhões de alemães apareceram subitamente nas zonas de ocupação inglesa e americana. Deste apocalipse Hitler concluiu, num testamento sentimental e mentiroso, que a culpa era da conjuração judeu-bolchevique, que nunca existira, excepto como pretexto para ele matar 55 milhões de pessoas. A presunção de progresso e o primado da vida humana acabaram assim e, mesmo hoje, tremem a cada assalto.

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