O essencial é a liberdade

RR online 24-04-2014 | Francisco Sarsfield Cabral

Há quem prefira viver numa ditadura, desde que beneficie de boas condições económicas, como acontecia antes de 1974 para uma minoria da população portuguesa. Convém recordar que, apesar das dificuldades da actual crise, a maioria dos portugueses vive hoje melhor do que há quarenta anos.

Na televisão apareceu há dias um ucraniano de Leste lamentando o fim da União Soviética e recordando com saudade o tempo de Estaline. A reacção deste russófilo não é, infelizmente, tão rara quanto isso. Graça Franco já comentou, aqui, com escândalo e tristeza, o facto de, numa sondagem recente, apenas 1,2% dos inquiridos considerarem a liberdade de expressão uma conquista do 25 de Abril.
Há quem prefira viver numa ditadura, desde que beneficie de boas condições económicas, como acontecia antes de 1974 para uma minoria da população portuguesa. Convém recordar que, apesar das dificuldades da actual crise, a maioria dos portugueses vive hoje melhor do que há quarenta anos.
O essencial é a liberdade. Bem sei que as pessoas não comem liberdade, mas – mesmo no aspecto meramente económico – serem livres dá-lhes possibilidades de melhorarem as suas condições de vida. E, apesar de enfraquecido, o Estado social cobre actualmente muitos milhões de portugueses, contra pouco mais de cem mil há 40 anos. Mais importante, a liberdade torna-nos cidadãos, não servos.

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