“Eu não vou acabar na terra, vou ressuscitar em Cristo”

RR online 15-04-2014 13:08 por Aura Miguel

Duas mulheres, que vivem intensamente a vida presente, falam da serenidade com que encaram a morte.  

A morte é a maior certeza de cada um, mas como é que a encaramos? Quem ama a vida pensa na morte? Com desassossego ou com serenidade? Na semana em que os cristãos de todo o mundo reflectem sobre o mistério pascal, da morte e ressurreição de Cristo, a Renascença foi à procura do testemunho de pessoas que vivem profundamente, mas que encaram a morte com serenidade. 

"Quem gosta de viver não pode ter medo de morrer. Vejo que há muitas pessoas que encaram a hora da morte como algo tormentoso, que gera angústia e faz com que o fim da vida não seja vivida com tanta plenitude", considera Isabel Jonet, fundadora do Banco Alimentar. 

Ajudar pessoas a morrer é um desejo muito concreto que partiu da própria experiência que Isabel teve, também, com a morte do pai, de quem estava ao lado quando morreu. Foi uma experiência tão forte que tive a certeza que queria poder ajudar pessoas a poderem passar para a outra vida. 

"Às vezes vejo pessoas que têm medo de morrer porque não estão em paz com aquilo que achavam que poderiam ter feito. Quando digo que gostava de ajudar pessoas a fazer essa passagem com mais serenidade é sem recriminações. Muitas vezes as pessoas que não se deixam libertar é porque têm recriminações e arrependimentos e penas de coisas que não fizeram. Acho que essas penas devem-se ter ao longo da vida e não naquele momento." 

E, quando se acompanha alguém nestas circunstâncias, o que é que se diz quando a vida terrena chega ao fim? "Estamos de passagem nesta terra e o nosso céu começa na terra. Está nas nossas mãos fazer o nosso céu. Aquilo que pode vir tem de ser melhor." 

Nosso matrimónio apontou para a eternidade 
Leonor Ribeiro e Castro é outra pessoa que nunca fugiu dos desafios que a vida lhe lançou. Mãe de 13 filhos e com uma actividade incansável a favor da promoção da vida e da dignidade humana, perdeu o seu marido há poucas semanas: "No dia de São José ele perguntou, o que é que São José tem reservado para mim este ano? Eu respondi, o Céu amor. Ele morreu no dia seguinte." 

Leonor e Fernando Ribeiro e Castro viveram uma vida feliz e intensa. Três semanas depois de ficar viúva, Leonor aceitou falar do assunto: "Há uma saudade profunda, uma dor de quem muito ama, muito sofre, é uma dor física, de quem quer apertá-lo, ouvir a porta, a voz. Tudo acabou. Mas não houve morte. Está na tal viagem. O navio partiu, já está no Céu." 

Com a eternidade no horizonte, Leonor e Fernando receberam a notícia da doença incurável: "O nosso matrimónio apontou sempre para a eternidade. A missão de um casal é ajudar a levar o outro para o Céu. Dizemos isso aos noivos, apontem para a eternidade." 

As razões de esperança que animam a vida Leonor servem para todos. E isso leva-a a deixar conselhos para que a vida aconteça a todos, na Terra e no Céu! 

"Procurem um sacerdote, conversem com um sacerdote sobre a eternidade. Não se fala da eternidade, não se fala de Céu. Fala-se muito de Inferno, falta falar de Céu. É preciso ir morrendo aqui para aquilo que é morte e não deixa que a vida aconteça, tanta coisa que provoca isso, se formos morrendo para isso, quando chegar o dia, não há morte." 

"Isto é uma passagem, e temos de a fazer o melhor possível. E eu não vou acabar na terra, porque se Cristo ressuscitou, e eu acredito nessa ressurreição, eu vou ressuscitar com Cristo. A minha fé diz-me isso. Mas passa por uma paixão", conclui.

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