Em Roma, capital


José Maria C. S. André
«Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar» (27-IV-2014)
                                                  
Quando o leitor tiver na mão este jornal, o trânsito automóvel terá sido erradicado em extensas áreas de Roma, até 4 de Maio. «Écrans» gigantes estarão a funcionar, na praça de S. Pedro, nas avenidas adjacentes e em várias outras praças, algumas bem distantes de S. Pedro. Os transportes públicos estarão abertos a todo o povo, sem necessidade de pagar bilhete. Milhares de polícias, agentes da protecção civil e voluntários estarão ao serviço de uma multidão gigantesca, vinda de todas as partes do mundo. Os números são curiosos: por exemplo, há 4 milhões de garrafas de água para oferecer aos peregrinos, para evitar desidratações. Uma constelação de satélites de telecomunicações, maior do que para os jogos olímpicos, alimentará canais de televisão de todos os continentes, redes sociais, pavilhões e salas de cinema. Pela primeira vez na história, poder-se-á ver em todo o mundo uma emissão em 3D. Tudo está previsto a uma escala que ultrapassa a minha imaginação. De Portugal, estão confirmadas umas mil pessoas. Do resto da Europa, sobretudo da Itália e da Polónia, será uma multidão difícil de contar. Evidentemente, a própria cidade de Roma é a que mais se mobilizou, para não perder um acontecimento tão importante.
Para os universitários, a preparação e as confissões começaram solenemente na terça-feira passada, 22 de Abril, na basílica de S. João de Latrão. As actividades para vários grupos intensificaram-se ao longo da semana. Por decisão do Papa, no sábado 26 de Abril as igrejas do centro de Roma estão abertas, mesmo de noite, para os peregrinos poderem rezar e confessar-se. A vigília na praça de S. Pedro começa às 21 horas e dura a noite toda.
Finalmente, Domingo 27 de Abril, exactamente às 10 horas de Roma (9 horas em Lisboa, 8 horas nos Açores), começa a Missa em que o Papa Francisco canonizará João XXIII e João Paulo II.
Não vão ser declarados santos por causa das audiências. Nem dos discursos. Nem dos aplausos. Escusamos de dar voltas: Deus quis tê-los consigo no Céu. Mas este favoritismo da parte de Deus não é exclusivo, Ele olha para cada um com a expectativa de que também vamos corresponder.
Embora o processo canónico tenha demonstrado que João XXIII e João Paulo II corresponderam heroicamente à graça de Deus, mesmo assim, está prevista uma certa discussão, que vai ser em latim, como de costume.
O Cardeal Amato vai pedir ao Papa Francisco que canonize os beatos João XXIII e João Paulo II e o Papa responde pedindo a todos que rezem a Deus Pai, por Jesus Cristo, invocando Nossa Senhora e todos os Santos.

O Cardeal insiste e, à segunda vez, o Papa diz-lhe que reze ao Espírito Santo para assistir a Igreja num momento tão importante, que compromete no mais alto grau a autoridade pontifícia. O coro e o povo cantam o «Veni, Creator Spiritus», pedindo a assistência do Espírito Santo.
O Cardeal Amato não se dá por vencido e, desta vez, o Papa Francisco usa a sua autoridade máxima: «...com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ...declaramos e definimos...».
Na praça de S. Pedro, nas avenidas à volta e diante de todos os «écrans» gigantes espalhados pela cidade de Roma, o povo responde três vezes: «Ámen»!
E diante de tantas televisões, de todos os continentes, uns milhões de pessoas talvez se emocionem um bocadinho e pensem: é mesmo verdade que Deus espera que eu também seja santo?

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