A minha homenagem

NUNO AZINHEIRA, DN 2014.04.12
Bastou saber-se que José Alberto Carvalho tinha convidado os filhos de Manuel Forjaz para encerrar o programa 28 Minutos e 7 Segundos de Vida, que o empresário protagonizava na TVI 2 para se levantarem vozes a apontar o dedo ao "aproveitamento da dor alheia" e da "exploração da morte". É preciso não conhecer o diretor de Informação da TVI para acreditar nisso. É preciso não conhecer Manuel Forjaz e a herança genética que ele deixou para acreditar nisso. É preciso não perceber o que Forjaz fez ao longo dos últimos anos com a exposição pública da sua doença. É preciso perceber que fê-lo por si, para se manter vivo, para se agarrar à vida, às coisas de que gostava e às pessoas que amava, e fê-lo pelos outros - é impressionante ver a corrente que a ele se juntou nestes anos. Não só desde domingo, quando a morte o levou serenamente, mas antes, quando a esperança era mais forte do que as dores grau oito e quando os desafios se lançavam e superavam a cada dia. Pode concordar-se ou não com o caminho escolhido pelo próprio - o cancro, a batalha da vida e a inevitabilidade da morte são intimidades que não permitem certezas absolutas. Cada um lida como pode, como sabe, como precisa, como quer. Manuel Forjaz escolheu a sua catarse transformando os seus medos em sorrisos de esperança. O último programa, o de anteontem, foi de uma ternura sem fim, um raio de luz e uma prova de que o Manuel e a Helena fizeram bem o seu trabalho. Não houve ali um sinal de pieguice nem de exploração de dor. José Alberto Carvalho perdeu um amigo, mas terá ganho o respeito de muitos. Não o meu, que esse estava há muito conquistado...

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