Doidos à solta

Alberto Gonçalves, DN 6.04.2014
Quase todas as semanas há uma polémica em redor de Isabel Jonet, menos por culpa da própria do que por empenho dos muitos que a odeiam. O mais recente episódio dessa longa novela prende-se com uma entrevista da presidente do Banco Alimentar à Rádio Renascença, na qual afirmou que as "redes sociais" são "um dos maiores inimigos dos desempregados", os que passam "dias e dias agarrados ao Facebook, ou a jogos, ou a falsos amigos que não existem", e criam a "ilusão" de que trabalham por estarem sentados ao computador.
Isabel Jonet acha que assim é praticamente impossível conseguir-se um emprego, e não custa concordar com a senhora - excepto, claro, se partirmos do princípio de que tudo o que a senhora diz é uma afronta aos desvalidos, dado que a senhora não é de esquerda e, para cúmulo, tem o descaramento de distribuir comida entre os pobres, em vez de retórica. Neste caso, a opção óbvia consiste em distorcer um bocadinho as palavras de Isabel Jonet (o Público jura que ela "critica desempregados") e verter indignação a rodos.
Onde? Ora essa: no Facebook, que serve justamente para que a loucura, à semelhança de certa pobreza, não permaneça envergonhada e confinada a hospitais e consultórios psiquiátricos. Difícil não é perceber como é que inúmeros viciados nas "redes sociais" não arranjam emprego, mas perceber como é que outros tantos mantêm o seu.

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