"Roger Scruton - o pensamento conservador contemporâneo", por João Vacas, 6 de Janeiro - ciclo POLÍTICA E PENSAMENTO

Hojesegunda-feira6 de Janeiro, às 18:30 horas, na Livraria Férin (ao Chiado).



Exmo(a). Senhor(a),

Começamos o Ano Novo com um regresso ao pensamento conservador. E numa abordagem refrescante, uma abordagem contemporânea: a de Roger SCRUTON.

Ainda há bem poucos meses, reflectindo sobre a crise do Partido Conservador no Reino Unido, um tema dos nossos dias, Roger Scruton assinava um penetrante artigo no The Guardian - «Identidade, Família, Casamento: os nossos nucleares valores conservadores têm sido traídos» - em que punha logo o dedo na ferida: "Os líderes conservadores esqueceram o que Edmund Burke entendeu: os verdadeiros conservadores são movidos por bem mais do que economia."Nascido em 1944, Roger SCRUTON é um filósofo, politólogo e escritor de nomeada, mas um homem verdadeiramente multifacetado, senhor ainda de outros talentos: jurista, músico e musicólogo, enólogo, ambientalista, esteta, consultor, caçador são algumas das suas facetas mais evidentes. Tem ensinado em Universidades britânicas e norte-americanas e possui um currículo riquíssimo, com vasta obra já publicada, onde não poderiam deixar de contar-se numerosos artigos nas revistas conservadoras The Spectator e The American Spectator, além das contribuições para a The New Atlantis. É enorme a multiplicidade dos temas que aborda e tornou-se marcante pela combatividade e polémica que normalmente empresta às suas tomadas de posição. Inicialmente considerado um "pária intelectual" – mal-amado por pensadores tributários do Maio de 68 e demonizado, sobretudo, por muitos dos que subscrevem o projecto e o processo de construção da União Europeia e as correntes de pensamento mais afeitas ao multiculturalismo dito progressista –, Scruton vem assumindo crescente relevância no panorama intelectual anglo-saxónico, sendo actualmente um dos pensadores conservadores britânicos com mais notoriedade nacional e internacional. 

Pedi a um antigo e brilhante colaborador meu, João Vacas, que nos viesse apresentar este pensador tão estimulante: para alguém contemporâneo,… contemporâneo e meio! João Vacas é jurista e advogado, foi meu assistente e chefe de gabinete no Parlamento Europeu, mas sobretudo é também um estudioso exigente, que gosta das ideias no lugar. Nesta altura, doutorando em Ciência Política no IEP – Instituto de Estudos Políticos, da Universidade Católica Portuguesa, a sua tese de doutoramento versa justamente sobre este autor. Por isso, o tema da sessão:

«Roger Scruton –
o pensamento conservador contemporâneo»

em que João Vacas nos ajudará a viajar pela obra de pensamento político deste escritor inglês e, nomeadamente, por alguns livros já editados em Portugal, nomeadamente "O Ocidente e o Resto" (Guerra & Paz, 2006) e "As Vantagens do Pessimismo" (Quetzal, 2011),

Ao debruçar-se sobre a sociedade ocidental contemporânea, Roger Scruton confrontou-se com a decadência das antigas lealdades e a emergência de uma cultura triunfante, nominalmente inclusiva, mas plena de hostilidade para com os valores herdados e as estruturas tradicionais. Ao "eu" individualista – relativista, universalista, mas negador da própria civilização – que reclama direitos e liberdade ilimitada, Scruton contrapõe a ideia de um "eu" relacional, apenas compreensível quando envolvido pela ligação concreta, natural e incindível a uma dimensão social e comunitária que lhe preexiste e que o determina de múltiplas formas. É em redor do "nós" que se forjam e se sustentam as comunidades, se promove a "consolação" dos seus membros através do seu "regresso a casa" e se evita o "perigo da falsa esperança". E esse "nós", sustenta Scruton, encontra-se no vasto tecido das relações não-contratuais e pré-políticas de cada um, bem como na cultura, educação e costumes que rodeiam cada pessoa desde o nascimento.

Roger Scruton é, porém, um homem de múltiplos talentos e um cultor da Estética, autor de livros como "Beleza" (Guerra & Paz, 2009) ou "Estética da Arquitectura" (Edições 70, 2010). Por isso, como aperitivo para esta tão prometedora e certamente interessantíssima sessão da próxima segunda-feira, 6 de Janeiro, às 18:30 horas, na Livraria Férin (ao Chiado), deixamos-lhe uma recomendação: veja já este documentário "Por Que a Beleza Importa" (Why Beauty Matters), que Scruton dirigiu e produziu para a BBC.

Em anexo, juntamos o convite e, bem assim, uma nota com a apresentação geral deste ciclo, que conta com o apoio habitual do Diário de Notícias e da Antena 1.

Com os melhores cumprimentos,

José RIBEIRO E CASTRO
Deputado
jrcastro@cds.parlamento.pt

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