O que vai mudar com as eleições alemãs? Nada!
Henrique Monteiro
Expresso, Domingo, 22 de setembro de 2013
Lembro-me do que ia mudar com a eleição de Obama! E pergunto-me, como vos pergunto: o que mudou de essencial?
Lembro-me do que ia mudar com a eleição de Hollande. E nem preciso de me perguntar ou vos perguntar. Nada mudou de essencial.
Andámos meses a dizer: 'Isto é até às eleições na Alemanha (que são hoje), depois tudo mudará". E pergunto-vos: acham que vai mudar alguma coisa?
O mais interessante é que ouviremos dizer que as eleições em Portugal, sejam elas quando forem, agora, para o ano, em 2015 como está previsto, mudarão muitas coisas. Mas eu acho que nada de essencial mudará especificamente com as eleições, apesar de o PSD ser mais do que previsivelmente corrido do poder. Porque aquilo que tem fundamentado as decisões na Europa (e até nos EUA) não são as políticas internas, mas a forma abrupta (e podemos dizer, de certa forma justa) como o mundo se alterou. A questão é velha: adaptamo-nos ou tentamos viver como sempre fizemos? A resposta de quem não viu a história é sempre a segunda, manter o que estava.
Mas nada anda para trás. As eleições alemãs podem trazer alívios, placebos e modos mais elegantes de negociar na Europa. Mas nada mudarão no essencial, aliás como todas as outras eleições. Raramente o homem muda porque decide. Quase sempre muda porque não tem outra hipótese.
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