Sejamos cavalheiros
Público 2012-09-19 Miguel Esteves Cardoso
A princesa Kate é uma senhora. É uma mulher. É uma menina. É aqui que reside o grande defeito contemporâneo: um defeito do cavalheirismo. A princesa Kate pode ser uma "celebridade", mas é uma senhora. Não estava a posar. Não sabia que estava a ser fotografada. Tem o direito de escolher as fotografias em que fica bem.
É a equivalência entre os sexos que choca. Os direitos ainda não são os mesmos, mas as vulnerabilidades já são. Há quem descaradamente defenda que revelar as mamas dela é do interesse público porque o público se interessa pela princesa.
Para o marido, o príncipe William, é impossível não se lembrar da facilidade com que se venderam e publicaram fotografias da mãe dele, moribunda ou recém-morta.
O cavalheirismo exige que as mulheres se tratem de maneira diferente. Afinal não são as senhoras que fazem falta: são os senhores.
Nenhum cavalheiro fotografaria, publicaria, venderia ou, mesmo anonimamente através da Internet, iria ver as mamas da princesa Kate, duquesa de Cambridge.
Nada disto afecta a febre jornalística do tempo actual, seja francesa, irlandesa ou italiana. Perdemos os princípios. Alguns deles eram bons: é essa a parte inteligente que esquecemos.
Comentários
Abraço, de estima, para vós.
eao