Crise e moral

A superação da crise há-de ser refundação.
Portugal com ideias.
Portugal com valores.
Portugal moral.
Uma questão é absolutamente crucial: o respeito pela pessoa.
Não há caridade, nem solidariedade, nem liberdade, nem lei, nem ordem, nem, portanto, Estado, sem respeito pelo SER da pessoa: o nosso e o do outro.
O primado do ser é isso mesmo.
Na palavra e prática cristãs: o amor ao próximo.
Dar a cada um aquilo que lhe é devido.
Pagar ao que deve ser pago.
A tempo e horas.
Honrar a palavra dada.
Fiel em tudo.
No grande e no pequeno.
Serviço a si (amor próprio, honra, carácter, dignidade, honestidade, dedicação e trabalho) e serviço ao outro.
Todo um critério e todo um programa de acção.
Nenhum empreendimento ou projecto humano é verdadeiro, válido ou aceitável, se pressupuser a imposição forçada do aniquilamento injustificado do SER do outro.
O acto falhado do aborto ou do divórcio injustificado e sem consequências legais, por exemplo, não são aceitáveis numa sociedade sã, vital e partilhada porque correspondem a exercícios arbitrários de meras opções pessoais, esquecendo e menorizando, esmagando mesmo, o projecto de vida interrompido do cônjuge abandonado, despojado e deixado à sua sorte depois de anos de entrega em comum ou o futuro negado da criança que é impedida de nascer porque dificulta ou empecilha.
A vida das pessoas e da sociedade não é um programa de cálculo, nem uma simples probabilidade estatística, e tem de ser, sobretudo, muito mais do que uma mera escolha egoísta e imposição pessoal.
Somos com os outros.
Somos para os outros.
O Estado com todas as suas valências, só faz sentido na base desta percepção.
A razão de fundo, mais dramática e mais escondida da crise económica e financeira do mundo ocidental está numa descarada e persistente indiferença pelos outros.
Numa palavra, a saída da crise é moral.
Quem não percebeu isto não percebeu nada.
Miguel Alvim

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