Via Sacra
É um costume piedoso e um bom exercício espiritual fazer a via sacra durante a Quaresma.
A Via Sacra pelas Ruas da Baixa-Chiado realiza-se todas as sextas-feiras da Quaresma (a primeira é já hoje, 24 de Fevereiro), às 21:30, saindo da Igreja da Madalena e terminando na Igreja do Sacramento.
Este gesto da Via Sacra pelas Ruas da Baixa-Chiado tem a virtualidade de, preparando-nos para a Páscoa, nos permitir também dar testemunho público da nossa fé.
Muitas outras paróquias têm também formas comunitárias de realizar esta devoção.
Mesmo que não consigam participar, podem acompanhar a Via-Sacra no Coliseu em 2005 meditada pelo então Cardeal Ratzinger, em representação do Papa João Paulo II, já gravemente doente e que viria a morrer poucos dias depois.
Às vezes pode parecer apenas uma devoção piedosa, mas cada passo é uma reflexão luminosa para a nossa vida.
Apenas um pequeno trecho da primeira meditação sobre a condenação de Jesus:
O Juiz do mundo, que um dia voltará para nos julgar a todos, está ali, aniquilado, insultado e inerme diante do juiz terreno.
Pilatos não é um monstro de malvadez.
Sabe que este condenado é inocente; procura um modo de O libertar. Mas o seu coração está dividido. E, no fim, faz prevalecer a sua posição, …, sobre o direito.
Também os homens que gritam e pedem a morte de Jesus não são monstros de malvadez. … Mas naquele momento sofrem a influência da multidão. Gritam porque os outros gritam e como gritam os outros.
E, assim, a justiça é espezinhada pela cobardia, pela pusilanimidade, pelo medo do diktat da mentalidade predominante. A voz subtil da consciência fica sufocada pelos gritos da multidão.
A indecisão, o respeito humano dão força ao mal.
Impressiona-me perceber este comportamento cobarde da multidão. E vejo esta evidência em dois acontecimentos recentes: a ameaça de linchamento do homem de Beja suspeito de ter assassinado a mulher, a filha e a neta e que depois se veio a suicidar na Penitenciária em Lisboa e ontem, em Lousada, impressionou-me a ira descontrolada da multidão, contestando a decisão do tribunal de Lousada que ilibou Afonso Dias do crime de rapto no caso Rui Pedro.
Fico contente por ter dado este nome ao Povo. E recordo o lema que nos acompanha desde o início:
O povo opõe-se à massa: vive da liberdade e da consciência de cada um (Pio XII)
Faço votos para que esta Quaresma seja um tempo de acrescida tomada de consciência para cada um de nós
Pedro Aguiar Pinto
Outras ajudas para a Quaresma:
Comentários