Claridade

Clareou.
Vieram pombas e sol,
e, de mistura com Sonho,
pousou tudo num telhado…
(Eu, destas grades, a ver,
desconfiado.)
Depois,
uma rapariga loira,
(era loira)
num mirante,
estendeu roupa num cordel:
Roupa branca, remendada,
que se via
que era de gente lavada,
e só por isso aquecia…

Miguel Torga,  Lisboa, Cadeia do Aljube, 1 de Fevereiro (1940), in Diário – I, 4ª edição revista, Coimbra 1957

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